Passei a noite toda olhando para o
teto, pensando o porquê de tanta felicidade sozinha, estava em paz comigo
mesma, realizada mesmo numa sexta à noite sem nada para fazer.
Não morro de saudade de balada ou de
excesso de companhia, tive bons momentos, curti minha juventude, ainda me sinto
jovem aos 38 anos, sem falsas expectativas, tenho habilidade para a vida real,
mas me canso de ralações de amizade virtual, trocar saídas por tecladas com os
polegares.
O clima é de início de festa, sem
nenhuma segunda intenção, eu presto muita atenção a tudo que me cerca, tenho
sede de boas escolhas, sou fã de calor humano, mantenho meu mistério e acredito
conseguir manter a felicidade por muito mais tempo.
Adoro ler, ser gentil, amo franqueza
e inteligência, amo cuidar de quem cuida de mim, gosto de expressões animadas,
de gente com leveza permanente, gente que não se deixa apanhar por críticas.
Convidada para vários aniversários e
casamentos, amante de cachorro quente, entrelaço amizade com comida gostosa,
porém ando comendo com moderação, não perdoo traição, exijo comportamento
parecido no quesito amar, não consigo aceitar o jeito fácil dos homens pregado
pela mídia ou pelos hormônios.
Não aponto o dedo pra ninguém, mas
prefiro estar só a não confiar logo de cara, prefiro namorar a quem fui
apresentada por amigos ou parentes, mesmo que aconteça um final doloroso e
metade do grupo se divida.
Não preciso ter pressa em casar, nem
sei se quero casar e ter filhos, passei pela experiência do casório e adiei o
nascimento do herdeiro por falta de vontade mesmo, para muitos diz mal, porém
não tenho expectativas em ser mãe.
Amigos não acham que são invasivos
quando discursam que você deveria pensar como eles, dizem que sofro de uma alegria
passageira e que de repente meu mundo vai ficar cinza e solitário.
Busco falar o que sinto, eu aceito
qualquer consequência se é que esses presságios irão acontecer, no momento
prefiro rir com vontade e fazer ou deixar de fazer o que me faz bem.
Fico surpresa em receber conselhos de
laços amorosos eternos por quem é casada com um cretino e chato de doer, acho
salutar viver tão bem em harmonia com outros, mas nada que atinja o meu eu de
ser.
Não tenho sensação de perda iminente,
não curto tapas carinhosos, gosto de interpretar a janela da alma chamada
comumente de olhar, não é que eu esteja tentando ser menos sociável, nada
disso! Tenho chances diárias de conhecer gente nova.
Meus sapatos são baixinhos, optei por
conforto, comprei tênis, aprimorei a gentileza rara, fico sabendo de muitas
conversas ditas pelas minhas costas, é a necessidade constante de julgar os
outros, uma conexão nem sempre verdadeira.
Todos tem algo interessante a
acrescentar, precisamos ter cuidado com julgamentos, faz parte do acordo o
Respeito, nada de atitudes retardadas ou destoadas, as dores nos reconfortam a
uma certeza que nem sempre temos, nos une a algo além, revela que nossas
qualidades são imensuráveis e que bens materiais de nada adiantam.
Não tenho objetivo de assustar, não
tenho medo do último abraço ou do carinho que nunca mais terei, não sou
adoradora da companhia de todas as horas, vivo meu próprio mundo também, falo a
verdade com pausas.
Não sou “Patrícia”, não custo muito
cara a mim mesma em termos financeiros, já namorei seis meses e pensei em
casamento, mesmo sendo chamada de paranoica não consigo explicar o que me faz
querer casar com um e não com outro.
Tenho ótimas maneiras de me sentir bem,
vivendo no mundo da forma como escolhi, casar não é um estilo de vida é uma
vocação, relacionamentos não se constroem por impulsos, a felicidade é
contagiosa, tenho meus momentos de inspiração, não me sinto culpada em não ter
tais metas, posso casar, mas esse não é meu objetivo de vida.
Arcise Câmara
Imagem We It
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