sexta-feira, 21 de janeiro de 2022

Segurar a onda das crianças



Sou severa em julgar a mim mesma e gentil ao julgar os outros, sou do tipo que brinco muito e faço rir, a minha confiança vem do meu interior, eu me sinto interessante, quando não falo nada é porque estou morrendo por dentro.

Princípios morais rígidos sempre fizeram parte da minha existência e estou transmitindo isso aos filhos, sei que os tempos mudaram, várias vezes eu disse uma coisa e fiz outra, vale confiar mas no que digo do que no que faço.

O mau desempenho não pode passar despercebido porque tomo mundo sofre com algumas atitudes minhas, sei o poder que eu tenho exerço sobre eles, sei que meu amor incondicional se expressa muitas vezes de forma superficial demais.

É um privilégio partilhar minhas descobertas, saber que não sou dona da verdade e que rigidez demais prejudica o desenvolvimento deles, preciso ensiná-los a saber pensar, saber entender como a vida funciona.

O que de melhor os miolos pensaram talvez seja o caminho para uma vida feliz, alegre, justa, somos a família que usufrui a beleza que está todo dia ao nosso alcance, o sol, a natureza, as árvores, os passarinhos...

Não somos o tipo de pessoa que acha tudo chinfrim, com o pai das crianças sou o tipo que desisto fácil, primeiro eu  quero terminar o relacionamento e só depois penso em modificá-lo, mastigo cada mágoa pachorrentamente

Dá para sentir a tempestade se formando por dentro e isso reflete nas crias, sempre bato na tecla da gente saber diferenciar o que é supérfluo do que é vital, determino o prazo para cada coisa que desejo concluir, mas tenho um defeito grande, sempre me preocupei um pouco demais com a opinião alheia.

Era no relacionamento, na criação, a maior parte das nossas escolhas de cada dia se realiza com base na força real inconsciente das sensações, sentimentos, desejos e medos apesar de eu me sentir segura, forte e digna.

As mães não deveriam morrer nunca, sempre achei isso, nessa pandemia, meu primo ficou sem pai e mãe, órfão aos 24 anos de uma forma drástica e sem despedidas calorosas, mas todo esse turbilhão de emoções me fez pensar em como a vida nos cobra para refletirmos, para nos tornarmos flexíveis, relevantes, empáticas. Precisamos entender que as novas gerações não precisam das pressões que a nossa teve.

Arcise Câmara

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