Basta um erro para o relacionamento cair por
terra, um curto-circuito para perder um patrimônio de uma vida, às vezes a vida
nos dá lições de um professor primário explicando o óbvio, temos sempre a nova chance
de recomeçar apesar da história interrompida, dos sorrisos falsos, dos sonhos
desfeitos, das brincadeiras vazias, das aventuras perigosas, das traquinagens da
juventude e das encenações de falsidades.
Talvez a ciência não explique com
profundidade a terapia da música para quem está triste, as chamas da esperança
para quem recebeu um diagnóstico fatal, o mal irreversível para quem foi preso
injustamente, as tensões emocionais de momentos conflitantes.
O que dizer de quem pensa com a cabeça dos
outros? Quem não chora porque é homem? Quem não se acha lindo só por ser baixo?
Quem não tem brilho nos olhos por se achar diferente?
A ciência descobre verdadeiras epidemias,
ajuda na liberdade, tenta explicar o amor, o ser livre, não culpa os outros
pela vida infeliz para ser mais exata, a ciência também pode explicar as
diferenças profissionais, os sentido entre morar no Brasil ou mudar de país ou
ainda que as coincidências não existem.
A ciência explica o sentimento de uma mãe ao
ouvir a voz do filho, as incertezas da vida e o terror de mudar ou ficar do
mesmo jeito, ou tenta entender os comportamentos de quem só visa suas
conquistas pessoais. Ou ainda, a dificuldade de compreendermos a singularidade
da pessoa humana, em abrir o coração, chorar a nossa dor, desabafar, fazer o
bem.
Talvez quase tudo tenha explicação, a rigidez
e o controle de seu pai que impede o filho de seguir seu caminho de maneira
livre, ou admitir que foram pais omissos, ou ainda quando prejudicamos alguém
intencionalmente apesar da confiança depositada.
Radicalizamos às vezes, fundamentamos nossa
história com a falta de amor paternal, ou na alienação da televisão, ou o
consumo exagerado, ou a não explicação de um acidente fatal.
A ciência explica o individualismo saudável e
preventivo, o amor gerado ao outro, a capacidade de recuperação fenomenal das
crianças, o brilho novo no olhar, os anos maravilhosos juntos de pessoas boas e
honestas, o que a ciência talvez não explique é o fato de querermos ser amados sem
nos amarmos.
Foram anos da minha vida como uma garota do
bem, cheia de qualidades, mas eu não gostava disso, eu queria buscar o sentido da
vida, queria o universo me dando coisas em que eu achava que merecia, queria transformar
sonhos em realidade, compreender e ser compreendida.
Por um período estive iludida, com filosofias
únicas e irrepetíveis, cheia de culpa no cartório, com julgamento nas
diferenças culturais, enquanto isso eu queria o apoio dos outros, chegava a ser
insultante, eu queria achar alguém que preenchesse o buraco que cavei.
Quando quiser ter certeza de que és amado
observe o comportamento da pessoa com você, o jeito como ela cuida dos outros
ou como sequestra seu tempo, ouça opiniões de quem convive com ela.
Estava pensando que amei de verdade uma única
vez, era um amor cheio de emoção, eu estava diplomada em ciúmes e acabei
estragando tudo, naquele tempo não havia descoberto que amava de verdade, eu
apenas supunha coisa, tinha fé e certezas, mas não sabia de nada mesmo.
Sempre estive no limite dos sentimentos,
sempre tive uma chama acesa de verdade em meu coração, não costumava fazer
elogios, mesmo que ele estivesse o mais lindo do universo, nunca estava
disposta a aceitar as situações e os pés na bunda que levei, talvez isso me
tenha feito amar falsamente quem me desprezou. O amor do orgulho ferido. Quem
sabe um dia a ciência descubra o que me falta entender sobre o nobre
sentimento.
Arcise Câmara
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