Puxa vida! Eu não me programei
para uma gravidez, mas também não me cuidei, sempre tive medo de ser mãe,
sempre tive medo de engravidar sem o apoio psicológico do pai da criança,
sempre tive medo de carregar a responsabilidade de criar um filho sozinha.
Minha vida vai mudar para sempre,
meus pensamentos não serão mais o mesmo, tenho uma cria, um ser totalmente
dependente que precisa de mim, do meu amor, da minha luta.
Mesmo não desejando a gravidez eu
comecei a amar o bebê, mesmo sem saber se era menino ou menina eu já amava
independente disso, pedi desculpas por não desejá-lo e planejá-lo, foi um susto
do acaso, um belo susto, um feliz susto.
Quero guardar todas as
recordações que puder desse momento, quero relembrar os enjoos, os medos, a
leitura incessante de várias matérias na internet, os livros, a voz embargada
de medo do parto, as primeiras compras, as fraldas que usarei, quero sentir a
barriga crescer, o peito inchar.
Provavelmente serei uma boa mãe,
talvez tenha que me policiar em não mimar demais, não fazer todas as vontades,
não beijar até sufocar, não ficar no meu colo o tempo todo. É sério! Vou
parecer aquelas mulheres em que o único assunto é o filho.
Rapidamente tenho que me
conscientizar que choro convulsivo às vezes é manha, que quando o neném nascer
nossas certezas desaparecem, que não dá para ser simpática e feliz poucas horas
pós-parto como aquelas atrizes lindas na novela.
Vou ficar bem, mas também mal
humorada já vou logo afirmando. Espero não ser aquelas mães chatas, super protetoras
que não querem que seus filhos sejam carregados, beijados, cheirados, que só
use tal produtos, de preferência da melhor marca.
Não quero ficar em posição de
ataque por qualquer bobagem, não quero tratar meu filho como se fosse uma louça
frágil, com certas certezas ultrajantes.
Minha sensibilidade já está a
mil, meus olhos enchem de lágrimas por tudo, quero estar bem o tempo todo, mas
qualquer coisa me emociona, me irrita ou me magoa, acabo ficando na cama
curtindo a televisão por mais tempo do que imaginaria, abraçando o ócio contra
o estresse.
Pressenti o perigo da uma
alimentação desequilibrada, queria mudar tudo inclusive minha forma de comer, queria
incluir brócolis, espinafre, couve, nenhum detalhe poderia estragar a saúde e
bem-estar do meu filhote. Que ainda não sabia se seria um rapagão ou uma
mocinha.
Eu me senti velha demais para o
ofício de mãe, esquecida, havia um certo desconforto e muita cobrança para ser
uma mãe exemplar, normal, “inteira”, apesar de bebês nascerem todos os dias
nada me parecia familiar.
Ficava a maior parte do tempo
deitada, quanto mais minha barriga crescia, mas nervosa eu ficava, não era
pessimismo e sim uma preocupação quando não mexia, quando eu não dormia
direito. Nossa! Mãe sofre! Mãe de primeira viagem sofre o dobro!
Qualquer ameaça era motivo de
nervosismo, cada semana completada uma vitória, estava quebrada porém feliz,
fazia tempo que não sabia o que era conforto diário e quando o neném nasceu as
preocupações pré-parto foram para o espaço e fiquei relaxada e feliz.
O repouso absoluto deu lugar as
horas sem dormir, ao sono acumulado, as regras mudaram, a agitação tomou conta
e a felicidade se instalou.
- Arcise Câmara
- Crédito de Imagem: http://jornalistaregianemoreira.blogspot.com
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