Era mais fácil acreditar que eu não tinha
importância alguma, que tudo que você disse era verdade, que jamais encontraria
outro alguém, que eu era chata, velha e gorda, eu era um saco e qualquer amor
por maior que fosse não aguentaria a minha convivência.
Eu me sentia confortável perto de você, eu o
amei e não sei exatamente se o amo ainda, nosso relacionamento se desgastou,
acreditei ser manipulada por você, mas mesmo assim não consegui seguir em
frente.
Uma coisa eu não entendo, porque palavras tão
duras se quem termina a relação é você, não basta me dar um fora, não basta
desistir, me deixar com o coração sangrando em meio a trezentas mil dúvidas de
como eu poderia ter feito diferente, precisava de palavras tão cruéis.
Comecei a chorar, coisa que sempre faço, sem
precisar de enterros ou filmes baseados em tragédias reais, eu estava tão
chateada com tudo, com o desenrolar dessa história, eu realmente não entendia
tamanha agressividade.
Eu não poderia encontrar uma maneira de
obrigá-lo a me amar, eu te deixava livre para ir embora e ser feliz, eu
desejava plenamente a sua felicidade, eu desejava também a minha, mas me
parecia impossível retomar a vida me sentindo tão péssima.
Naquele momento percebi que não tínhamos nada
em comum, percebi que de certa forma forcei um amor que nunca existiu, eu senti
tanta dor em ver ódio em seus olhos, em perceber que nada que a gente viveu
poderia destruir o carinho que existia, pelo visto só em mim.
As pessoas não podem entender as coisas que
jamais aconteceram com elas, eu vi ódio e revolta, eu vi desprezo e dor, eu vi
competição e ingratidão, a vida me dava respostas que eu não conseguia entender
direito, ele era especialista em me culpar, eu tinha a confortável presunção de
que aquilo era uma crise de bipolaridade e que havia de passar.
Eu até hoje não entendo a visão que tive, não
sei dar nome bonito ao meu despertar de consciência, ao significado de desamor,
a raiva, a ira, a revolta que se instalou após o meu sucesso, o que era sucesso
para mim era tragédia anunciada pra ele.
Soa de modo incrivelmente estranho, eu caí de
uma altura de quarenta e cinco metro em queda livre, sem paraquedas , eu não o
conhecia, quem era aquele completo estranho, quem eliminou as minhas escolhas
de felicidade, quem destruiu as minhas possibilidades de amar, quem tornou a
minha vida frágil, precária, incerta, com ideias suicidas capaz de terminar essa
vida sem qualquer aviso prévio.
Uau! Eu me surpreendi com você, com a sua
capacidade de tentar ser feliz e ainda por cima de achar que para ser feliz
você precisasse da minha infelicidade, minha insegurança e minha autoestima
colada no chão. Seja feliz!
- Arcise Câmara
- Crédito de Imagem: http://thingsaboutthelove.tumblr.com
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