domingo, 6 de outubro de 2013

Eu juro pelo que há de mais sagrado




                                                                                  Imagem: http://www.clightcomvodka.blogger.com.br/

O mundo é cheio de mentiras, umas bondosas, outras maldosas, mentimos para agradar, mentimos para não magoar e num turbilhão de mentiras precisamos impor com juras as nossas verdades e tudo que há de sincero.
É um desperdício ficar jurando por tudo e por todos, antes eu jurava muito pela minha felicidade, não tem nada que cada um não almeje para si do que a própria felicidade, jurava pelo bem-estar da minha família e com o tempo comecei a me sentir constrangida em jurar, você é livre para acreditar assim como eu sou livre para as mentiras escapadas de que você não está gordo para não te magoar.
Não me leve a mal, mas nada melhor do que um bom espelho, uma boa balança e o cálculo do IMC feito através da internet, você poderia me poupar do constrangimento de dizer que estais gordo e feio ou da mentira em dizer que você está ótimo e lindo, por favor, não me faça perguntas cujas respostas são incômodas.
O que tem que ser, tem que ser, ou como diz à música o que será que será, sou carismática, atraio e faço amigos com facilidade, gosto gratuitamente e gosto pra valer, consigo doar a única coisa que tenho sem apegos, mas não tenho compulsão para ser aceita, não morro se um amigo ou outro o vento leva, não deprimo se você teve tempo para gostar e agora está no tempo de desgostar, as coisas são mutantes mesmo, são mutantes para mim e para você.
Não tenho dificuldades em largar o osso, em soltar a mala, em desapegar das essências antigas, sou calma quando preciso, mas minha natureza é agitada, basta dizer que rolo a noite toda, falo enquanto durmo e chuto quem estiver por perto e que ainda tenho noites insones se o companheiro resolver dormir agarradinho, não consigo dormir grudada em ninguém, minha melhor posição é bunda com bunda e com espaço entre elas.
Gosto de pegar um livro para ler antes de dormir com sérios riscos de ficar acordada a noite toda, de gargalhar acordando os vizinhos e a pessoa do quarto ao lado ou ainda de arrepiar os pelos da minha gata.
Comecei a achar ridículo ter que jurar, ter que começar a conversa tentando quase que, por favor, ser acreditada por quem me ouvia, não confia no que falo, nas coisas que leio, nas escritas que redijo, não confia nem um bocadinho em mim, nossa relação pode se desligar, podemos acabar a parceria, a amizade, o afeto, não há mal nenhum nisso, as coisas se reconstroem, não é blefe, estou falando sério, o que não dar é para eu fingir que convenço e você finge que acredita. Cansei! Perdi a paciência!
Falta confiança da minha parte também, tenho a intuição que você seca a minha pimenteira, quando tudo de bom me acontece, você lança aquele sorriso amarelo, não sei se é falta de caráter, se é pontinha de inveja, se é falta de respeito, só sei que percebo e sinto, você fingia ser quem não era.
São as surpresas da vida, as rotinas áridas, a inauguração do mundo adulto pouco aprendido (ainda hoje não sei viver muito nesse mundo), os acontecimentos tristes, a falta de vergonha e a vida do jeito que ela se apresenta rodeada do bom, rodeada do mau.
- Arcise Câmara


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