Sou de voltar pouco atrás, na verdade
nenhuma decisão séria não foi definitiva, tenho decisões súbitas, não são
decisões refletidas por anos e anos, não são decisões pensadas e repensadas,
colocadas no papel seus prós e contra, foi tudo na base da impulsividade, sei
lá, quando agimos por impulso tendemos a nos arrepender, mais comigo isso não
acontece com facilidade, talvez porque me adapto fácil a qualquer realidade,
seja ela mãe, filha, esposa, solteira, namorando. As decisões caíram no meu
colo e eu segui o instinto, modéstia a parte acho que tomei decisões
importantes, pelo menos para mim.
Parece o fim do mundo quando você
contraria interesses, quando você não se encaixa em determinado padrão ou
quando você se divorcia mesmo sendo uma prática comum, tudo muda, o jeito como
as pessoas te olham, o jeito como as amigas se comportam, e os conselhos de que
homem é tudo igual, todos egoístas e todos preguiçosos. Você discorda de toda a
teoria relatada por horas, mas pra quê mesmo discutir se a decisão foi tomada
em comum acordo? E nada vai mudar?
O tempo demonstra o quanto às coisas
eram desiguais, o quanto o mundo avança, antes se discriminava ferozmente uma
pessoa pela cor da pele, hoje essa discriminação é velada, passou a ser crime
inafiançável, mas antes era aceitável porque mesmo? E assim o voto, a mulher
CEO, que precisou deixar a vida de dona de casa, e todas as táticas para
camuflar o machismo e dar tratamento igualitário às mulheres, mas ainda hoje
precisamos lutar por alguns direitos esquecidos.
Não encontro motivos para situações
desiguais em vários âmbitos, ser mulher não me anima em várias questões, casa,
comida, filhos, marido, profissional, tudo recai sobre as costas, mas ser
mulher também comove, estar pertinho do filho quando ele diz mama, acompanhar
os primeiros passinhos, a ligação do leite materno, o transe de ser apaixonada
por um serzinho tão teu.
Parei para pensar em tudo, em
decisões, na vida, na família, decidi desenferrujar conceitos antigos, de
vida mais ou menos, de dar satisfação para quem está em volta, escolhi como
opção o equilíbrio ente alma, corpo e mente, eu podia fazer qualquer coisa a qualquer
hora, caçar um dinossauro se eu quisesse, meu sim tornou-se uma arma poderosa, meu não também, eram as decisões que cercavam a minha vida de bom
senso. Chegava ao fim à fase não sei.
Organizei todos os complexos, limpei as
raivas, despachei os ressentimentos, rasguei os sentimentos que faziam pesar
meu coração, morri em desapegar as feridas, a gente se acostuma com elas, à
gente se acostuma a ser coitada e pobrezinha, romantizei a vida, abracei as
boas causa, instruí-me de novos conceitos e tomei mais uma sábia decisão: SER
FELIZ!
- Arcise Câmara
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