Fazia tem que não me sentia tão suave,
tão sem impulsos, tão livre...
Acho que agora eu me orientei na
direção certa, acho porque a vida não é exata, posso descobrir amanhã que
estava redondamente enganada, que havia me movimentado na direção oposta dos
meus sonhos.
Vagando por minha imaginação admito
que mudo com bastante frequência, sou mulherzinha em certas ocasiões e mulher
macho em tantas outras, sou amor e sou instinto, ataco e recuo, sou exuberante
e desgrenhada, eu me embalo na ideia de ser o que eu quiser na hora que eu
quiser, mas vem a culpa carregada de remorsos, vem a ilusão da falsa liberdade, vem a vontade de pertencer as regras impostas
para evitar julgamentos, vem a força do perdão que me modifica e faz eu
acreditar nos mesmos seres que me sacanearam.
A gente muda e as pessoas percebem,
se intimidam com sua mudança, entram em observação de sua nova pessoa, encontra-se
com a sua nova fase mais ou menos estourada, mais ou menos zen, mais ou menos
intelectualizada, mais ou menos descansada, mais ou menos amorosa.
E não importa como a gente era tempos
atrás, não importa se a nossa sensibilidade endureceu, se eu escolhi você ou
você quem me escolheu, se nos encontramos pelo acaso ou pelo destino, se parece
que nos conhecemos há séculos ou se temos algo de outras vidas, se estamos em
coma romântico ou se abstraímos as ilusões.
Tudo se encaixa ou se afasta, tudo
floresce ou morre, tudo vira lixo ou ouro, a vida é assim, os obstáculos servem
para serem superados, as conquistas são a prova disso, quanta superação, quanto
amor, quanta saúde, quanto rock, quantas plumas, quanto sentimento leve de quem
estar feliz ou pelo menos procura sua própria felicidade, quanta esperança por
dia melhores.
Somos potencialmente bons,
potencialmente amáveis, potencialmente incríveis, não nos dominamos pelo
percentual ínfimo das desgraças, da crueldade, do desanimo, dos crimes, das
drogas, somos mais que tudo isso. Concentramos nossa energia para o que nos
eleva, nos faz flutuar, nos estimula a ser hoje melhores do que fomos ontem, a
ser e viver com coragem, coragem para transformar o inacabado, o torto, o
medíocre, coragem para desenhar novas histórias, contar novos contos, viver de
outras formas: com plenitude e amor.
- Arcise Câmara
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