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Tem casais que desejam ter filhos e
outros que não desejam, tem casais que um dos cônjuges quer filhos e o outro
não quer, têm casais que se sentem explorados pela indústria do “tem que ter
porque senão vai se arrepender” ou manipulados pelo “se você não quer ser pai
ou mãe, boa pessoa você não é”. E a vida vira uma gangorra de certo ou errado,
de justo e injusto, de bom e mau.
Tem gente até que sente raiva ou pelo
fato de não poder ter filhos ou pelo fato de não querer e ser julgada, há quem
perdoe e releve, afinal tenho o direito de decidir se quero ou não a vocação de
pais, porque ter filhos não necessariamente significa vocação para pai e mãe.
Há quem maltrata abertamente as
pessoas que pensam diferente, os relacionamentos interpessoais exigem cuidado e
civilização, não podemos ter medo de expressar nossos pontos de vista por mais
antiquado que possa parecer para o outro, a vida dos outros é simples aos
nossos olhos, o passado que o outro traz e desconhecemos, os medos e incertezas
do presente, somos generosos com nossos calos e somos fracos para julgamentos.
Colocamos a prova nossas crendices,
nossos anseios, nossa cartilha, precisamos que o outro adivinhe como agir,
usamos lupa para as manchas alheias, sem atentar para uma coisa muito
importante: o que é errado para você pode não ser errado para o outro, o que é
moralmente aceito por você pode não ser moralmente aceito pelo outro.
Há alguns anos venho limpando meus
julgamentos, bloqueando meus complexos, sabotando minhas desconfianças com o
ser humano, estamos carentes de gente que nos compreenda, chegam de pedras, de
frieza, de indiferença.
Somos exagerados na arte de não
compreender, de ser cruel com quem cuida de animais e quem não cuida de bebês
(pelo menos alguém cuida de alguma coisa), somos desumanos com quem quer ter a
liberdade de não colocar filho no mundo. Não nos esforçamos para compreender,
mas não temos argumentos para apedrejar.
- Arcise Câmara
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