domingo, 25 de agosto de 2013

A maternidade ainda não bateu na minha porta



Toda vez que penso em ter filho logo desisto pensando no cenário econômico- financeiro. Um filho custa caro, um investimento eterno, tenho medo da maternidade, das suas consequências. Não me sinto madura ainda para esse grande passo, mas não tenho muito tempo para pensar nisso, meus óvulos andam morrendo, envelhecendo, porém abstrai o que para toda mulher é importante, escolhi o verdadeiro conceito de liberdade, deixar pra lá, entender que se tiver tempo e hora isso vai acontecer e se não tiver, paciência! Não quero correr contra o tempo, não quero escolher qualquer pai, ser mãe sem preparo ou vontade, cheia de medos, não quero fazer chegar à vontade por causa do tempo.

Quero me sentir feliz com a decisão e não atropelada pelas circunstâncias, eu me dou esse direito, mais uma vez a filosofia do eu torna-se meu parâmetro. O problema é os outros viverem a tua vida, apagarem de você as emoções que você não terá se não for mãe.

Passei por um divórcio sem conflitos, aceitamos nos divorciar, e essa foi à parte linda da nossa história, seguimos o ditado que diz: “se um não quer, dois não brigam”, não houve conflitos, mas houveram mágoas e ressentimentos, lentes de aumento  para os meus defeitos por favor, zoom para os defeitos dele e até o divórcio em si houveram alfinetadas daqui e pisoteadas de lá. Passamos meses analisando os defeitos um do outro, isso ajudava a diminuir a culpa que se instalava, ajudava a entender porque não sentíamos a necessidade de ser pais enquanto estávamos no processo lindo de família “margarina”. O tempo não havia chegado.

Vejo os defeitos até hoje, enxergo as fraquezas pessoais, o pensar diferente, sinto-me revoltada e frustrada por não ter entendido que aquilo que eu possuía também consistia nas minhas mazelas, no meu destempero, o presente era ônus e bônus, grudados em cola mil e que não podiam ser separados.

Amo cheiro bom de neném, amo distribuir amor, amo ver casal feliz com o amor em plenitude, mas para mim tudo é tão complicado, o que eu falo é distorcido, o que faço é da conta de todo mundo, vez ou outra faxino sentimentos e opressões vindo de fora, expurgo as coisas ruins, encaro a tristeza, fico esperando que o outro mude, mas não movo um músculo para as coisas que tenho que mudar, radicalizo sentimentos, etapas, sonhos superficiais e transitórios, tolero ensaios de ilusões, sei que já brinquei de amar, sei que já acreditei que amava quando na verdade não amava nada, sei que as escolhas que faço exige algumas exclusões e renúncias, acredito na liberdade do amor, da viagem sem volta não por aprisionamento mas porque eu resolvi rasgar os bilhetes.

Posso parecer piegas, mas a fidelidade é consequência do amor que eu acredito, quero ser fiel a minha filha se um dia puder tê-la, quero amenizar o que me ditam a respeito, quero abraçar o relativo e até o superficial, se isso for o conceito de não ser mãe.
- Arcise Câmara

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