Toda vez que
penso em ter filho logo desisto pensando no cenário econômico- financeiro. Um
filho custa caro, um investimento eterno, tenho medo da maternidade, das suas
consequências. Não me sinto madura ainda para esse grande passo, mas não tenho
muito tempo para pensar nisso, meus óvulos andam morrendo, envelhecendo, porém
abstrai o que para toda mulher é importante, escolhi o verdadeiro conceito de
liberdade, deixar pra lá, entender que se tiver tempo e hora isso vai acontecer
e se não tiver, paciência! Não quero correr contra o tempo, não quero escolher
qualquer pai, ser mãe sem preparo ou vontade, cheia de medos, não quero fazer
chegar à vontade por causa do tempo.
Quero me sentir
feliz com a decisão e não atropelada pelas circunstâncias, eu me dou esse
direito, mais uma vez a filosofia do eu torna-se meu parâmetro. O problema é os
outros viverem a tua vida, apagarem de você as emoções que você não terá se não
for mãe.
Passei por um
divórcio sem conflitos, aceitamos nos divorciar, e essa foi à parte linda da
nossa história, seguimos o ditado que diz: “se um não quer, dois não brigam”,
não houve conflitos, mas houveram mágoas e ressentimentos, lentes de
aumento para os meus defeitos por favor,
zoom para os defeitos dele e até o divórcio em si houveram alfinetadas daqui e
pisoteadas de lá. Passamos meses analisando os defeitos um do outro, isso
ajudava a diminuir a culpa que se instalava, ajudava a entender porque não
sentíamos a necessidade de ser pais enquanto estávamos no processo lindo de
família “margarina”. O tempo não havia chegado.
Vejo os defeitos
até hoje, enxergo as fraquezas pessoais, o pensar diferente, sinto-me revoltada
e frustrada por não ter entendido que aquilo que eu possuía também consistia nas
minhas mazelas, no meu destempero, o presente era ônus e bônus, grudados em
cola mil e que não podiam ser separados.
Amo cheiro bom
de neném, amo distribuir amor, amo ver casal feliz com o amor em plenitude, mas
para mim tudo é tão complicado, o que eu falo é distorcido, o que faço é da
conta de todo mundo, vez ou outra faxino sentimentos e opressões vindo de fora,
expurgo as coisas ruins, encaro a tristeza, fico esperando que o outro mude, mas
não movo um músculo para as coisas que tenho que mudar, radicalizo sentimentos,
etapas, sonhos superficiais e transitórios, tolero ensaios de ilusões, sei que
já brinquei de amar, sei que já acreditei que amava quando na verdade não amava
nada, sei que as escolhas que faço exige algumas exclusões e renúncias, acredito
na liberdade do amor, da viagem sem volta não por aprisionamento mas porque eu
resolvi rasgar os bilhetes.
Posso parecer
piegas, mas a fidelidade é consequência do amor que eu acredito, quero ser fiel
a minha filha se um dia puder tê-la, quero amenizar o que me ditam a respeito,
quero abraçar o relativo e até o superficial, se isso for o conceito de não ser
mãe.
- Arcise Câmara
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