Respondi com os olhos marejados de amor que não dava mais, aprendi muito com os meus próprios erros, tudo meu é em excesso, principalmente quando se trata de comida eu sou muito ousada, ou quando termino uma tarefa rapidamente e com perfeição, perfeição essa só na minha cabeça.
A minha única preocupação eram as crianças que deveriam ser tratadas com respeito nesse processo, eu simplesmente não pertencia ao grupo de famílias, tudo começa no pensamento e eu nunca me encaixei direto nessa porta secreta de planos e sonhos irrealizáveis em que toda a sociedade põe em cima do casamento.
Impossível de aceitar que eu queria dinheiro e promoção apesar da minha fragilidade e de muitos fracassos eu sempre perdia a cabeça quando o assunto era convivência familiar, me aborrece quem não quer fazer nada e ainda atrapalham quem quer fazer. Eu tinha uma carga infinita por ser mulher e sempre estava com a sensação que eu não retribua generosamente.
O velho ditado, nada se cria, nada se perde, tudo se transforma. Com o tempo perdi peso e controlei raiva, vi meu casamento considerado perfeito terminar e reaprendi a ficar só, comecei a sentir conforto, carinho e paixão.
Gosto de mim, acredito em mim, não reprovo os outros por suas escolhas e suas desistências, o mundo que tudo nos dá, menos certezas, menos eternos compromissos, a vida é cheia de incertezas, tem muita gente pegando no meu pé, mas não me dou ao luxo de confiar demais.
Para quem já era viciada em comida, parei de comer e observei as mulheres, eu me sentia útil e extraordinária por perceber o quanto nos pesa muita coisa, até dormir no escuro e com silêncio me trazia paz. Eu podia fazer a reconexão de quem sou de verdade.
Arcise Câmara
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