Casa como repouso foi sempre assim que vi, pessoas que
falam alto demais me incomoda, mesmo eu falando alto demais, ando vencendo o
pecado do apego, gosto de casa com silêncio.
Dais pouco quando dais as vossas posses já dizia o provérbio,
a gente dá tudo quando dá o coração, o
tempo, a generosidade, o amor genuíno, o amor só se conhece na profundidade na
hora da separação dizem os livros, mas eu diria que é na hora da renúncia.
Num momento de fraqueza confundi minha imensa solidão com
as questões relativas ao significado a vida, um mero e inconsequente vazio
existencial quando fiquei projetando como as pessoas deveriam me tratar.
Pus uma pedra em cima
e comecei a refletir sobre ser exemplo e deixar de ser influenciada pelo
pensamento ocidental. Era um vai e vem de emoções, consciência reflexiva e a
capacidade de universalizar o meu mundo, a minha identidade.
As pessoas falam comigo e nem percebem o quanto falo bonito,
mas ainda não consigo por em prática os lindos ensinamentos que aprendi. Também
ainda não entendi que cada um toma o seu caminho, que não preciso interferir na
vida de ninguém.
Não tem sido fácil, no meio do processo existe raiva,
falta de controle e isso me deixa triste, sou outra pessoa quando algo sai do
meu controle. Sou arbitrária nas questões emocionais e carrego um pouco de
desequilíbrio em relação a doenças e alguns assuntos em que não consigo me conter.
Pensar em tudo isso foi um belo recomeço para mim, juro
sobre dez bíblias que um dia vou consegui me libertar disso. As reflexões e
vontade de mudar me ensinou a olhar minha vida e minhas atitudes com outra
perspectiva.
Fico mais confortável nua do que vestida, muita coisa não
faz sentido, mas eu tinha um bloqueio em dormir sem roupa por várias coisas que
me falavam, que eu lia, mas eu tinha um inconformismo em não poder experimentar
e assim que consegui, me libertei.
Eu estou muito longe do autoconhecimento, talvez um
tratamento sério no psicólogo, encontraria a solução do porque me cobrar o
tempo todo por perfeição, por segurança e autossuficiência sem precedentes.
Avaliar e fugir de péssimas escolhas tem sido meu planejamento,
não devo me apoiar em coisas ou pessoas, a gente se engana racionalizando
demais, preciso frequentar “dentro” mais
vezes para não ficar dando passos para trás.
Arcise Câmara
Imagem: O segredo
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