quinta-feira, 19 de agosto de 2021

Embora convivia conosco não nos pertence




Faz um ano e meio que venho refletindo sobre a morte e seus mistérios que continuam mistérios. Sofro de ansiedade e vez ou outra sinto todos os sintomas de covid sem estar com covid, mas eu queria muito ser invadida pela paz de quem entende a morte e pela felicidade em morrer sabendo que sua missão foi cumprida.

Eu cresci carente e ansiosa por intimidade, quis ser a popular, meus limites nasceram de uma relação madura, mas foi muito doído no início. Aos domingos as pessoas colocam suas melhores roupas e vão passear ao sol, eu me sentia ótima mas sem ânimo diante de tantas mortes por covid.

Conhecer a divindade em nós mesmos é uma incógnita, mas me propus a estudar sobre vários aspectos da vida, incluindo assuntos sobre a ausência do amor que transforma ricos em miseráveis.

O amor que a gente faz é o mesmo amor que a gente é, eu aprendi que a alma não marcha numa linha reta, ela é perfeita, mas nós não somos, há destempero, às vezes a gente não faz nada sem foguetes.

Acontece, que vivemos no mundo encantado da aparência, onde os pecados não entristecem mais. Aprendi a cumprir até o fim minhas decisões, aprendi que a beleza vem de dentro, aprendi principalmente a fechar os lábios com firmeza e não dizendo uma palavra.

As adaptações faz parte da vida, todos precisamos consumir para viver, às vezes é difícil expressar o amor que sentimos por alguém, a gente perde tempo precioso com palavras supérfluas e conversas inúteis.

Esperar dói, esquecer dói, crescer dói, mas traz luz em ambientes escuros, ilumina nossa vida com tanto aprendizado. Digo que a construção de nós mesmos nos endireita.

Nem sempre aprendo com as críticas, é preciso atenção para saber se aquela crítica é real ou manipulação, reflito sobre vários sentimentos escondidos no meu coração e busco as verdadeiras expressões do que é certo, do que é vaidade, do que é egoísmo, do que é genuíno.

Comecei a fazer um diário, não desperdiçava energia escondendo de mim aquilo que eu era ou fingindo ser o que não era, fiz morada em mim, nos meus pensamentos, na minha forma de viver e principalmente que eu não posso mudar o mundo, nem as pessoas, só me cabe mudar a mim mesma.

Fiz morada na consciência um ano depois, o processo é contínuo e longo, a cabeça passa por um turbilhão de emoções, mas fui seduzida pelo meu bem-estar, pelo autoconhecimento, pelo controle em saber que não posso controlar a não ser a mim.

Arcise Câmara

Imagem: Mensagem com amor

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