Faz um ano e meio que venho refletindo sobre a morte e
seus mistérios que continuam mistérios. Sofro de ansiedade e vez ou outra sinto
todos os sintomas de covid sem estar com covid, mas eu queria muito ser invadida
pela paz de quem entende a morte e pela felicidade em morrer sabendo que sua
missão foi cumprida.
Eu cresci carente e ansiosa por intimidade, quis ser a
popular, meus limites nasceram de uma relação madura, mas foi muito doído no
início. Aos domingos as pessoas colocam suas melhores roupas e vão passear ao
sol, eu me sentia ótima mas sem ânimo diante de tantas mortes por covid.
Conhecer a divindade em nós mesmos é uma incógnita, mas
me propus a estudar sobre vários aspectos da vida, incluindo assuntos sobre a ausência
do amor que transforma ricos em miseráveis.
O amor que a gente faz é o mesmo amor que a gente é, eu
aprendi que a alma não marcha numa linha reta, ela é perfeita, mas nós não
somos, há destempero, às vezes a gente não faz nada sem foguetes.
Acontece, que vivemos no mundo encantado da aparência,
onde os pecados não entristecem mais. Aprendi a cumprir até o fim minhas
decisões, aprendi que a beleza vem de dentro, aprendi principalmente a fechar
os lábios com firmeza e não dizendo uma palavra.
As adaptações faz parte da vida, todos precisamos
consumir para viver, às vezes é difícil expressar o amor que sentimos por
alguém, a gente perde tempo precioso com palavras supérfluas e conversas
inúteis.
Esperar dói, esquecer dói, crescer dói, mas traz luz em
ambientes escuros, ilumina nossa vida com tanto aprendizado. Digo que a
construção de nós mesmos nos endireita.
Nem sempre aprendo com as críticas, é preciso atenção
para saber se aquela crítica é real ou manipulação, reflito sobre vários
sentimentos escondidos no meu coração e busco as verdadeiras expressões do que
é certo, do que é vaidade, do que é egoísmo, do que é genuíno.
Comecei a fazer um diário, não desperdiçava energia
escondendo de mim aquilo que eu era ou fingindo ser o que não era, fiz morada
em mim, nos meus pensamentos, na minha forma de viver e principalmente que eu
não posso mudar o mundo, nem as pessoas, só me cabe mudar a mim mesma.
Fiz morada na consciência um ano depois, o processo é
contínuo e longo, a cabeça passa por um turbilhão de emoções, mas fui seduzida
pelo meu bem-estar, pelo autoconhecimento, pelo controle em saber que não posso
controlar a não ser a mim.
Arcise Câmara
Imagem: Mensagem com amor
Nenhum comentário:
Postar um comentário