A gente sempre come um pouquinho além da conta quando não
precisa pagar a conta, uma divorciada aos 37 anos que redescobriu o prazer em
comer, uma compulsiva adormecida.
Disse tchau sem nenhuma cerimônia, se não me querias não
me merecia, esse sempre foi o lema aliado ao não quer, tem quem queira. Não dá
para mendigar sentimentos.
Nada ameaça mais a comunidade puritana do que peitos,
bundas e mulher divorciada, você precisa
ser feia, gorda e desleixada, aliás você é um lixo que o “marido não quis”.
Você se sente bem com isso? Claro que não. Detesto
julgamentos e generalizações, odeio ter que me explicar, odeio ainda mais que
as pessoas achem que eu estou fingindo felicidade.
A mente feminina tem seus momentos secretos mesmo, tudo vira
paz, tudo entra em sintonia, as coisas vão se ajeitando e no final dá tudo
sempre certo. Custei a acreditar que isso ia funcionar mais uma vez. E
funcionou.
Encarar a realidade e amadurecer é o caminho fácil para
seguir em frente, entender os motivos torna tudo mais compacto, a vida é cheia
de aprendizado e essa é mais uma oportunidade.
Será que eu nunca mais vou te esquecer? É a pergunta que
não cala por uns meses. O cara que nem era o último biscoito do pacote torna-se
essencial na nossa vida é tipo aquela história do morreu virou santo, estava
tudo uma droga, mas a gente sempre se lembra do início sensacional.
Quase sempre eles se arrependem e comigo não foi
diferente, eu nem me dei ao trabalho de ouvir o que ele tinha para dizer,
estava na fase de absorver os defeitos, ele era tudo o que não queria perto de
mim.
Uma cultura obcecada por relatórios periódicos da própria
vida, a gente tem que dar satisfação de tudo, parece que trocamos o amor pela
comida, é natural engordar, assim eu acho, é tão prazeroso comer delícias,
fazer experimentos culinários, se aceitar mais à vontade. Preciso conter a
gula, a vontade irresistível de comer tudo para não deixar estragar, mas isso
nunca foi sinal de rejeição.
Arcise Câmara
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