quinta-feira, 26 de abril de 2018

Reação à comida gratuita

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A gente sempre come um pouquinho além da conta quando não precisa pagar a conta, uma divorciada aos 37 anos que redescobriu o prazer em comer, uma compulsiva adormecida.
Disse tchau sem nenhuma cerimônia, se não me querias não me merecia, esse sempre foi o lema aliado ao não quer, tem quem queira. Não dá para mendigar sentimentos.
Nada ameaça mais a comunidade puritana do que peitos, bundas e mulher  divorciada, você precisa ser feia, gorda e desleixada, aliás você é um lixo que o “marido não quis”.
Você se sente bem com isso? Claro que não. Detesto julgamentos e generalizações, odeio ter que me explicar, odeio ainda mais que as pessoas achem que eu estou fingindo felicidade.
A mente feminina tem seus momentos secretos mesmo, tudo vira paz, tudo entra em sintonia, as coisas vão se ajeitando e no final dá tudo sempre certo. Custei a acreditar que isso ia funcionar mais uma vez. E funcionou.
Encarar a realidade e amadurecer é o caminho fácil para seguir em frente, entender os motivos torna tudo mais compacto, a vida é cheia de aprendizado e essa é mais uma oportunidade.
Será que eu nunca mais vou te esquecer? É a pergunta que não cala por uns meses. O cara que nem era o último biscoito do pacote torna-se essencial na nossa vida é tipo aquela história do morreu virou santo, estava tudo uma droga, mas a gente sempre se lembra do início sensacional.
Quase sempre eles se arrependem e comigo não foi diferente, eu nem me dei ao trabalho de ouvir o que ele tinha para dizer, estava na fase de absorver os defeitos, ele era tudo o que não queria perto de mim.
Uma cultura obcecada por relatórios periódicos da própria vida, a gente tem que dar satisfação de tudo, parece que trocamos o amor pela comida, é natural engordar, assim eu acho, é tão prazeroso comer delícias, fazer experimentos culinários, se aceitar mais à vontade. Preciso conter a gula, a vontade irresistível de comer tudo para não deixar estragar, mas isso nunca foi sinal de rejeição.
Arcise Câmara

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