quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Nenhum político tivera a vontade de reformular o sistema carcerário


A maioria de nós não tem nenhum amigo ou parente preso, não é tão comum, mas e as pessoas que têm e que precisam passar por humilhações na hora das revistas, ou ver seu parente tratado de forma relapsa, onde não há a menor privacidade ou intimidade, num espaço pouco à vontade e desumano.
Basta uma operação pente-fino, uma humanização nos atendimentos, celas limpas e cheirosas, razões claras para que o ambiente seja propício a reflexão e não a revolta, nada de aglomeração de gente espremida e fedorenta por falta de ventilação.
Um lugar para se respirar melhor, um lugar para pensar nas soluções de uma vida nova e melhor, não um lugar de pavor, de destruição da autoestima, de paralisia “cerebral”, ou de autoritarismo desmedido ou grosserias irritantes.
Nada, nem ninguém, atenuou o problema carcerário, cada preso que entra em uma cela indigna, cria-se outro problema e é por isso que muitos não voltam depois do natal, e é por isso que os problemas só reaparecem cada vez mais graves.
Talvez o sistema carcerário não traga nenhum voto, mas e muito contribuirá para uma sociedade melhor no futuro, onde eu crio oportunidades e segundas chances para a integração na sociedade, onde o sentimento de confiança no estado possa mudar posturas, onde os amigos apoiam a mudança de vida dos que lamentavelmente erraram.
O sistema carcerário envolve perdas significativas para todos os envolvidos, inclusive para mim e para você que somos partícipes indiretos nesse reflexo para nossa infelicidade, lamentavelmente não podemos chorar depois que o leite se derramou.
Não falo de política de boa vizinhança, não falo no tudo ou nada, falo de gente, de desconfiar e confiar, de vida satisfatória onde quer que seja, falo na oportunidade de emprego, na garantia do sustento do filho, na vida feliz.
Um dia nos cansamos do mal que fazemos e queremos a todo custo recomeçar, porém recomeçar com dignidade, com a sorte de iniciante, com os cuidados de que é preciso para não cair nas tentações do dinheiro “fácil”, uma vida em que cada um tenha 10, 20, 30 anos para pensar a respeito, sem a carência da falta de atenção, sem os indícios das estatísticas.
Aceitar os desígnios da nova profissão, apaixonar-se pela vida, perceber as verdades e felicidade de ser honesto, felicidade construída a cada seis anos, com metas, planos, força, foco, esse é o desejo de vários presidiários.
- Arcise Câmara

- Crédito de Imagem: Editora Fórum

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