quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Ele já vinha sendo ameaçado


Treze anos de casada e preste a um segundo divórcio, eu já sabia o que ia acontecer, os sofrimentos que causa, porém eu comecei a me acostumar com a certeza de sua partida, afinal ele ameaçava há bastante tempo.
Tudo começou quando ele foi assistir o parto da nossa primeira filha, eu com quarenta anos e ele com quarenta e dois. As autoridades entendidas no assunto dizem que o homem perde o tesão na mulher, eu porém queria um pai participativo desde de sempre.
Seu temperamento ficou maldoso, vendo em tudo e em todos más intenções, ele se sentia ameaçado com a presença do filho e começou a rejeitar o próprio filho como uma espécie de depressão pós-nascimento do herdeiro.
Ficou implicante e insuportável, exagerou um pouco nos comentários de que meu peso jamais voltaria e que eu ficaria gorda para sempre, provocou de todas as formas das mais sutis as mais humilhantes.
Eu, alimentava a esperança de que ele mudasse, de que fosse uma crise de aceitação da paternidade, havia um serzinho que precisava de nós e do nosso amor, da nossa união e da nossa convivência pacífica, porém, eu estava também insatisfeita com a passividade do marido em relação ao bebê.
Nossa filha não tinha culpa de nada, o que seria da nossa vida dali pra frente com tanta hostilidade, poucas horas agradáveis, e com muito aperto no peito.
Agradeço e dou o meu muito obrigada a todos que me acolheram, aos que não foram indiferentes, aos que me incentivaram a não esconder a vaidade de ser boa mãe em todos os aspectos, a desenvolver minha autoestima aos pouquinhos.
Possuo um sexto sentido apurado e percebi que o desafeto não era culpa minha, nem do parto, nem do bebê, descobri que muito do desgosto do marido era baseado apenas em opiniões dos outros, como sogra, sogro, cunhados, amigos.
Custei a acreditar, Será? Duvidei, perguntava com frequência o que estava acontecendo e só obtinha respostas estúpidas, eu fiquei um lixo, só não tentei me matar porque o amor pela minha filha era maior que o amor por mim mesma.
Depois de tanta angustia e de tantos acontecimentos ruins, depois de tantas ameaças eu o pedi para ir embora, para sumir da minha vida, para seguir sem mim, ele mudou, tornou-se um outro homem, eu percebi o blefe, mas não queria mas conviver em meio a joguinhos, compartilhar uma vida com um homem que só consegue dar valor depois que perde, cansei. Vai! Xô! Eu nunca precisei ameaçar para decidir coisa alguma. Quero viver feliz sem você!
Arcise Câmara

Crédito de Imagem: Apenas 1

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