quinta-feira, 15 de maio de 2014

Para não acirrar os ânimos


Fiquei bem na minha, estava cadavérica, perdi a vontade de lutar, estava cansada de brigas, de afundar o coração, de comprar tudo que visse pela frente, estava esgotada de sorrir, de tentar me sentir linda por fora quando estava em cacos por dentro.
Eu quero ir pra longe, não falar desses assuntos, deixar o coração sem palpitações. Seria uma excelente oportunidade para eu construir uma nova reputação, colocaria um sorriso no rosto, não mudaria quase nada, apenas a vontade de recomeçar em outro lugar.
Respiro profundamente várias vezes, não quero atenção o tempo todo, nem amor de quem não pode me dar, não quero insistir em algo que me faz mais mal que bem, não quero ser convidada a me retirar se posso ir embora por livre e espontânea vontade, não quero ter preguiça de recomeçar, quero apenas mudar de casa, ser eu mesma sem brigas e desconfortos.
Isso é o que não acontece quando as pessoas se amam, as pessoas não desistem, não se separam, não desconfiam do sentimento, não vivem sem emoção, não sabem direito o que fazer para vencer uma crise, mas sair de cena não faz parte das opções.
Eu estava diante da felicidade, da vida alegre, mas foi ficando pior, pior, parecia não fazer parte da vida real, na verdade era eu que não queria que as coisas ruins fizessem parte da minha vida, queria resolver tudo com lágrimas no inicio e sorrisos ao final.
Não aguentava ser pisoteada pelo homem que dizia me amar, não queria me sentir fraca só em pensar em voltar pra casa, eu só pensava em viajar, ficar longe. Passei a esquecer de comer, não contava a ninguém, eu que sempre fui comilona perdi a fome rapidamente.
Hoje estou com meu equilíbrio restaurado, mas não foi fácil lidar com tantas emoções conflitantes, com as interferências diárias, com a iniciativa de escolher a solidão, decidi que devo saber bem, muito bem o que quero, que as minhas decisões implicam riscos, que eu preciso me proteger.
Não vou contrariar tudo que dizem do amor, das influências positivas desse sentimento nobre, dos não limites inimagináveis, da vida sem complicação, do namoro fantástico, dos filhos ou não, do ciuminho bobo, dos níveis controlados de estresse que faz você rir de certas coisas.
O amor costuma dar certo, a muita intimidade prazerosa de conhecer bem o outro, a crítica construtiva, a sexualidade sem censura, o conselho amoroso de quem nos quer bem.
- Arcise Câmara
- Crédito de Imagem: cantadaderua.com.br


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