Fiquei bem na
minha, estava cadavérica, perdi a vontade de lutar, estava cansada de brigas,
de afundar o coração, de comprar tudo que visse pela frente, estava esgotada de
sorrir, de tentar me sentir linda por fora quando estava em cacos por dentro.
Eu quero ir pra
longe, não falar desses assuntos, deixar o coração sem palpitações. Seria uma
excelente oportunidade para eu construir uma nova reputação, colocaria um
sorriso no rosto, não mudaria quase nada, apenas a vontade de recomeçar em
outro lugar.
Respiro
profundamente várias vezes, não quero atenção o tempo todo, nem amor de quem
não pode me dar, não quero insistir em algo que me faz mais mal que bem, não
quero ser convidada a me retirar se posso ir embora por livre e espontânea
vontade, não quero ter preguiça de recomeçar, quero apenas mudar de casa, ser
eu mesma sem brigas e desconfortos.
Isso é o que não
acontece quando as pessoas se amam, as pessoas não desistem, não se separam,
não desconfiam do sentimento, não vivem sem emoção, não sabem direito o que
fazer para vencer uma crise, mas sair de cena não faz parte das opções.
Eu estava diante
da felicidade, da vida alegre, mas foi ficando pior, pior, parecia não fazer
parte da vida real, na verdade era eu que não queria que as coisas ruins
fizessem parte da minha vida, queria resolver tudo com lágrimas no inicio e
sorrisos ao final.
Não aguentava
ser pisoteada pelo homem que dizia me amar, não queria me sentir fraca só em
pensar em voltar pra casa, eu só pensava em viajar, ficar longe. Passei a
esquecer de comer, não contava a ninguém, eu que sempre fui comilona perdi a
fome rapidamente.
Hoje estou com
meu equilíbrio restaurado, mas não foi fácil lidar com tantas emoções
conflitantes, com as interferências diárias, com a iniciativa de escolher a
solidão, decidi que devo saber bem, muito bem o que quero, que as minhas
decisões implicam riscos, que eu preciso me proteger.
Não vou
contrariar tudo que dizem do amor, das influências positivas desse sentimento
nobre, dos não limites inimagináveis, da vida sem complicação, do namoro
fantástico, dos filhos ou não, do ciuminho bobo, dos níveis controlados de
estresse que faz você rir de certas coisas.
O amor costuma
dar certo, a muita intimidade prazerosa de conhecer bem o outro, a crítica
construtiva, a sexualidade sem censura, o conselho amoroso de quem nos quer
bem.
- Arcise Câmara
- Crédito de
Imagem: cantadaderua.com.br
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