sábado, 10 de maio de 2014

A decisão tomada de não querer ter filhos


 As pessoas não entendem, o certo me parece que a gente só consegue entender quem pensa como nós, são tantas teorias que chega a me dar calafrios, o ponto fulminante é o medo de arrependimento.
Os relatos são impressionantes, o amor, a mudança de percepção diante da vida, o coração sem a sensação de bater forte e as complicações na velhice desassistida.
O maior desafio é deixar de absorver tantas regras, conviver com dedos em riste apontando que um dia você vai ouvir um “bem que eu te avisei”. Somos de uma rapidez eficiente para julgar quem não compactua com os mesmos ideais.
Dependemos da aprovação alheia e somos vistas como tias mal-amadas, egoístas, que fingem sorrir, traumatizada pela separação, imperfeitas ou sem civilidade, pouco atraentes e com discurso vago e mentiroso. Ou você não pode ter filhos, ou o tempo passou e usa como desculpa do “não quis ter”.
Nunca satisfazemos com palavras a nossa decisão pessoal e intransferível, nunca somos agradecidas pelos inúmeros conselhos maravilhosos, nunca aceitamos as dicas super preciosas.
Espero nunca ser tão invasiva com ninguém a respeito de nada, mesmo que as dúvidas latejem em minha cabeça, mesmo que eu me ache na capacidade de convencer e proteger, mesmo que eu sofra perseguição moral.
O importante é ser feliz, entender que não há nada de ilegal em não querer o que quer a maioria, que o tempo biológico nem sempre cobra seu preço, que ter filho não é um calmante ou acalento as carências, que posso celebrar a felicidade de inúmeras outras formas.
A gente cansa e se prepara para responder as provocações, para lembrar que a nossa existência não dependem de filhos, dribla a falta de educação de quem nos cerca e lembra das experiências individuais que cada um tem o direito de ter.
A gente não demonstra cara de vítima, nem acha cedo ou tarde demais para tratar desse  assunto e nem estamos interessadas em rever posições ou queixar de algum possível arrependimento futuro.
Por fim, não somos nem mais nem menos extraordinárias por decidir sobre nossas próprias vidas ou por evitar filhos, desculpa se toquei na ferida, mas achei que você deveria saber.
- Arcise Câmara
- Crédito de Imagem: http://revistatpm.uol.com.br

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