domingo, 13 de abril de 2014

"Você merece tudo isso!"


Eu estava agradecendo as coisas boas que tem acontecido na minha vida e pensando que francamente não mereço tudo o que tenho recebido.

Mérito é uma das coisas mais subjetivas que eu conheço. É possível analisar meritocracia de forma quantitativa ou qualitativa, ou ainda com os critérios mais diversos variando de pessoa para pessoa.

O que dói mais? Uma queimadura? Dor de cotovelo? Cólica renal? Parto? Um coração partido? Eu não sei opinar sobre parto, mas eu senti todas as outras dores. Muitas mulheres já compartilharam comigo que o parto não é uma dor
assim tão difícil de sentir, já que você passa por isso para trazer uma pessoa incrível ao mundo. Outras já me disseram que a maior dor é perder um filho, eu também nunca experimentei isso.

A verdade é que julgamos tudo com base em nossas próprias experiências. Quem nos fez ou faz bem, merece tudo de bom nessa vida. Quem nos prejudicou ou nos machucou, tem mais é que se ferrar.

Quando fazemos uma autoanálise a tendência é usar o mesmo critério, o problema é que eu já me fiz muito bem e também já me machuquei pra caramba. Aí eu não sei se mereço tudo de bom ou eu tenho mais é que me ferrar.

De uns tempos pra cá decidir mudar minha postura, a questão relevante deixou de ser “se eu mereço ou não” para ser “o que eu vou fazer com isso”. Se eu estou com alguém e faço bem para essa pessoa, então eu mereço e vou fazer o possível para continuar merecendo. Se eu tenho algo que me faz bem eu vou descobrir como posso usar isso para fazer bem para outras pessoas também.

Eu costumava acreditar que eu tinha uma missão como ser humano, talvez eu realmente tenha, talvez seja fazer o melhor possível com os talentos, pessoas e coisas que foram colocados na minha vida, ou que eu encontrei pelo caminho.
Isso me ajudou a doar e deixar pra trás muitas coisas e pessoas, gente que eu tenho certeza de que está melhor sem mim e coisas que estão sendo melhor aproveitadas por outras pessoas.

No final das contas as coisas mais valiosas não são coisas, são pessoas e talentos. É mais difícil conquistar pessoas e talentos, felizmente é mais difícil perdê-los também. Mas quando você deixa as coisas pra trás sobra mais tempo para se dedicar as pessoas e talentos, sobra mais tempo para se dedicar ao que realmente é mais importante.

Eu não sei se mereço tudo isso, mas enquanto eu tiver tudo isso eu vou tentar usar da melhor forma possível.


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