Tudo que eu lia me advertia de que eu
estava fazendo a coisa errada ao tomar remédios para emagrecer, ou pior, para
inibir a fome. Era fã de emagrecimento instantâneo, perder 10 quilos em 10 dias
parecia sonho e era até real.
Não sei como fui boba, brinquei com
os meus hormônios, com o meu metabolismo, com a minha saúde, parecia amar a vontade
de emagrecer muito mais que minha própria vida, o mundo precisava ver e
perceber que eu controlava quando tinha vontade de comer e se o remédio não me
dava fome alguma eu não colocava alimento algum na boca. Simples!
Sim, eles falavam! Minha, mãe, meu
pai, meus colegas, meus amigos e até os inimigos me davam diagnóstico de
loucura, aids, anorexia ou bulimia. Não tinha nada disso, só queria emagrecer
em dias o que levei anos engordando, sabendo dos riscos de ficar fraca e
debilitada.
Eu me senti aliviada com os primeiros
resultados, era uma motivação entrar naquela calça ou abotoar aquela camisa sem
ter seus peitos tentando sair pelos botões, fiz uma escolha mal orientada,
louca e acreditem com ajuda de uma profissional.
Não é que ela tenha me dito para não
comer, não foi isso, mas ela me deu o remédio para eliminar meu maior inimigo,
a fome, era a fome que me fazia engordar, era a ansiedade que me fazia engolir,
eu tinha a fórmula mágica para combater todos os quilos e estava utilizando
isso em meu benefício.
Por mais amorosa e paciente que eu
seja, fiquei deprimida, triste, sem força, a minha única vontade era dormir,
tudo perdeu a graça mas quando me olhava no espelho, o via sorrindo para mim,
eu estava mais bonita, menos gorda, porém agressiva por dentro e com desejo de morrer.
Gente isso é sério! Não dá para mudar de hábitos de uma dia para noite sem seu
corpo reagir.
Quase sem querer abandonei o remédio,
esquecia de tomá-lo, sempre tinha dúvidas se tinha tomado ou não e com isso fui
deixando até o ponto de não mais usá-lo, recheada de senões na minha cabeça
comecei a me alimentar de tudo, cortei pela metade tudo que eu comia, decidi
medir as porções, comer em prato menor, colocar salada em 50% do prato.
Com essa atitude passei a ter uma energia
inesgotável, um pique nunca antes tido, fiquei elétrica e incontrolável, com
vontade de abraçar o mundo e meu sentimento de felicidade retornou.
Parei de choramingar se a perda de
peso era mínima, o importante era perder pelo menos cem gramas, afinal não
engordei de dez em dez quilos, não consegui comer direito por muito tempo e
substitui a médica pela psicóloga, era minha cabeça que era gorda, minha cabeça
que só pensava em comida, minha cabeça que depois do almoço imaginava o que eu
ia merendar.
Cabeça-dura eu fui a vida toda, mas
como mudar isso? Como recusar comportamento herdado de que diversão boa é sair
pra comer, cinema com pipoca, boliche com petiscos, tv com biscoito recheado.
Como posso insistir em comportamentos
errados e previsíveis se no fundo queria me sentir mais alta e musculosa, menos
flácida e gorda.
E foi assim que gentilmente mudei
postura, com quedas e tropeços, com expansão de conhecimento alimentar, com
vontade de me socializar sem me empanturrar e sem pregar de forma agressiva meu
ponto de vista. Eu não iria convencer ninguém, eu apenas quero ser saudável e
ter atitudes inteligentes que só vão beneficiar meu corpo e minha mente.
- Arcise Câmara
- Crédito de Imagem: http://moonandinsanity.blogspot.com
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