sábado, 12 de abril de 2014

Opa!


Tudo que eu lia me advertia de que eu estava fazendo a coisa errada ao tomar remédios para emagrecer, ou pior, para inibir a fome. Era fã de emagrecimento instantâneo, perder 10 quilos em 10 dias parecia sonho e era até real.
Não sei como fui boba, brinquei com os meus hormônios, com o meu metabolismo, com a minha saúde, parecia amar a vontade de emagrecer muito mais que minha própria vida, o mundo precisava ver e perceber que eu controlava quando tinha vontade de comer e se o remédio não me dava fome alguma eu não colocava alimento algum na boca. Simples!
Sim, eles falavam! Minha, mãe, meu pai, meus colegas, meus amigos e até os inimigos me davam diagnóstico de loucura, aids, anorexia ou bulimia. Não tinha nada disso, só queria emagrecer em dias o que levei anos engordando, sabendo dos riscos de ficar fraca e debilitada.
Eu me senti aliviada com os primeiros resultados, era uma motivação entrar naquela calça ou abotoar aquela camisa sem ter seus peitos tentando sair pelos botões, fiz uma escolha mal orientada, louca e acreditem com ajuda de uma profissional.
Não é que ela tenha me dito para não comer, não foi isso, mas ela me deu o remédio para eliminar meu maior inimigo, a fome, era a fome que me fazia engordar, era a ansiedade que me fazia engolir, eu tinha a fórmula mágica para combater todos os quilos e estava utilizando isso em meu benefício.
Por mais amorosa e paciente que eu seja, fiquei deprimida, triste, sem força, a minha única vontade era dormir, tudo perdeu a graça mas quando me olhava no espelho, o via sorrindo para mim, eu estava mais bonita, menos gorda, porém agressiva por dentro e com desejo de morrer. Gente isso é sério! Não dá para mudar de hábitos de uma dia para noite sem seu corpo reagir.
Quase sem querer abandonei o remédio, esquecia de tomá-lo, sempre tinha dúvidas se tinha tomado ou não e com isso fui deixando até o ponto de não mais usá-lo, recheada de senões na minha cabeça comecei a me alimentar de tudo, cortei pela metade tudo que eu comia, decidi medir as porções, comer em prato menor, colocar salada em 50% do prato.
Com essa atitude passei a ter uma energia inesgotável, um pique nunca antes tido, fiquei elétrica e incontrolável, com vontade de abraçar o mundo e meu sentimento de felicidade retornou.
Parei de choramingar se a perda de peso era mínima, o importante era perder pelo menos cem gramas, afinal não engordei de dez em dez quilos, não consegui comer direito por muito tempo e substitui a médica pela psicóloga, era minha cabeça que era gorda, minha cabeça que só pensava em comida, minha cabeça que depois do almoço imaginava o que eu ia merendar.
Cabeça-dura eu fui a vida toda, mas como mudar isso? Como recusar comportamento herdado de que diversão boa é sair pra comer, cinema com pipoca, boliche com petiscos, tv com biscoito recheado.
Como posso insistir em comportamentos errados e previsíveis se no fundo queria me sentir mais alta e musculosa, menos flácida e gorda.
E foi assim que gentilmente mudei postura, com quedas e tropeços, com expansão de conhecimento alimentar, com vontade de me socializar sem me empanturrar e sem pregar de forma agressiva meu ponto de vista. Eu não iria convencer ninguém, eu apenas quero ser saudável e ter atitudes inteligentes que só vão beneficiar meu corpo e minha mente.
- Arcise Câmara

- Crédito de Imagem: http://moonandinsanity.blogspot.com

Nenhum comentário:

Postar um comentário