quinta-feira, 10 de abril de 2014

Suspendi as leis de casal


Ah cansei, de posso isso não pode aquilo, ele pode isso e ele não pode aquilo, podemos tudo desde que não façamos aos outros aquilo que não gostaríamos que fizessem com a gente. Chega de regras convencionadas. Nada de mandar marido dormir no sofá, tirar aliança a cada briga, compartilhar senhas. Viva a individualidade!
Senti minha relação um pouco melhor, o tédio resolveu sair de casa, não houve conversa sobre o assunto, não foi necessário brigar, eu apenas abri a porta da liberdade, do bom senso e das não regras.
Eu acho que ele sentiu alívio, eu deixei uma boa impressão com tantas mudanças de atitude. Cansei de ter vida monótona, cansei de o sacudir com força para que ele não fizesse isso ou aquilo, cansei de pensar que não era nada pessoal, era apenas a preguiça em não fazer nada, em não ajudar nas atividades domésticas.
Eu me sentia esquisita também com cobranças vindas de todas as direções me avisando como eu tinha que me comportar, que eu não podia escrever tal texto porque soava uma paixão reprimida, ou ainda o ciúme das palavras que pintavam em minha mente.
Fiquei um bocado mal humorada, queria tornar meu relacionamento leve, levíssimo, uma pluma, um bem-estar que eu não sei muito bem explicar, mas não queria cobrar nem ser cobrada o amor e o sentimento nobre de se sentir feliz sem perspectivas.
Já tínhamos vida em comum, contas equilibradas, relacionamento pessoal respeitoso e intenso, esporádicas brigas sob a culpa da convivência permitida e com o escancarar de um monte de defeitos.
Tenho certeza que nossa história não acaba nunca, amenizamos nossos defeitos, projetamos as qualidades, frequentamos lugares deliciosos para espantar a rotina, respeitamos o silêncio do outro, suas reservas, seu individualismo, sua simplicidade, seu jeito de cidade do interior.
Somos atentos a tudo que possa machucar a relação, só para contextualizar aprendi a falar sempre nós ao invés de eu.
Nos unimos no mesmo ano que nos conhecemos, a gente se conheceu em fevereiro e nos unimos em setembro, apesar do pouco tempo não era pressa e sim vontade de estar juntos, de ser felizes mais de pertinho.
Acostumamos pessoas a não se meterem na nossa vida, tudo que nos ronda é problema nosso, não queremos ou permitimos invasões, permissividade e efeitos colaterais de quem só julga e não convive debaixo do mesmo teto.
Amamos o prazer de estarmos juntos, sempre que surge alguma ideia ou projeto para o outro é a título de sugestão, nada é imposto e não nos ofendemos com facilidade, adequamo-nos as várias situações que a vida nos impôs.
Tem quem faça pouco de mim, quem não acredita nesse relacionamento, quem acha que eu sou dominadora e exigente, quem tem certeza que casamentos não funcionam para mim. Sou forte e quero sentir força e complementariedade com quem decido viver junto.
Cada um tem seu espaço, suas oportunidades, seus sonhos que parceiro nenhum pode destruir, suas paixões a ser mantida, risos e lágrimas. Ele romântico e eu pragmática, ele minimamente detalhista e eu desligada, porém nossa atração só fortalece esse amor que se consolida a cada dia.
- Arcise Câmara

- Crédito de Imagem: veja.abril.com.br

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