quarta-feira, 9 de abril de 2014

Quero você quase todo entardecer


Amo seu jeito agradável, sua inteligência e adaptabilidade aos momentos difíceis, nosso almoço de todo dia é o encontro para colocarmos o papo em dia, contarmos nossas experiências profissionais e sabermos um do outro.
Mesmo que ele tente parecer despreocupado eu o conheço pelo olhar, sei de suas aflições e às vezes até acerto o projeto que incomoda meu arquiteto favorito. Ele diz que eu tiro vantagem dele pelo meu sexto sentido, eu acho apenas que é os olhos do amor.
Como ele ficou feliz com a minha ideia de ampliar aquele jardim, mudar o projeto em 25%, misturar as divergências entre marido e mulher visando agradar ambos os clientes.
Tenho muita energia, ligada em alta voltagem quase o tempo todo e vou perdendo minhas forças ao longo do dia, a noite estou um caco, aparentemente destruída, olhar cansado, precisando de consolo e do seu colo.
Ele olhava desconsolado para mim, seu ritmo era noturno, acordava tarde, sorria depois das 12 horas, tinha seus próprios horários o que deixava tudo mais simples, ele parecia que estava sendo torturado quando eu resolvia dormir cedo, quando eu desmaiava no meio de uma conversa para acordar só no dia seguinte.
Ele me acariciava por alguns minutos e desistia, tinha aprendido a passar as noites sozinho, no nosso ninho. Coitadinho dele, precisávamos repensar nisso mesmo que ambos não reclamasse, Eu gostaria de estar no lugar dele? Não! Ele gostaria de estar no meu lugar? Também Não!
Nossos sonos eram em horários incompatíveis, eu acordava as 5 e ele no mínimo as 11h, eu dormia cedo e ele tarde, porém a fórmula mágica era o entardecer, nossas tardes entre meu fim de expediente até a nossa hora de jantar, era algo maravilhoso.
Eu me deitava no chão com ele, ríamos, fazíamos guerra de travesseiros, falávamos sério e namorávamos bastante, brincávamos de luta, ele sempre me deixava ganhar porque eu sempre fui mole para lutas, no primeiro dia de judô em minha infância eu torci o braço.
A força que ele tinha poderia me levar a uma fratura exposta, o nosso relacionamento nunca soube o que era rotina, inventávamos a vida sem regra, mesmo que parecesse infantil, imaturo.
Ele era doce, afável, calmo, lindo, gentil, amoroso, responsável e provedor, tinha muitos talentos, eu era cada dia mais feliz, meu amor crescia numa velocidade assustadora eu sentia um amor enorme dele por mim, ele provava que me amava nas pequenas coisas, sem cobranças ou chateações.
Muitos mitos foram derrubados, o mito de que os opostos se atraem, os mitos de que homem é tudo igual, que todo homem trai ou é grosseiro, ou qualquer coisa servia o importante era estar apaixonada ou ter alguém do lado para dividir a vida.
O homem atencioso existia, o homem amoroso existia, o homem que te respeita existe, o homem que não explodia ou dava surtos existia e estava bem ao meu lado contorcendo meu corpo de carinho e prazer.
Nossa adaptação de casado foi fácil e simples, ambos queriam essa vida, dentro de poucas semanas vou ser mãe e ele pai, mal conseguia me lembrar da vida antes de conhecê-lo, o salto de qualidade que ele trouxe para a minha vida sem graça e pacata, cheia de amores errados, uma coleção deles e um diagnóstico de dedo podre.
Rapidamente, nos encontramos, nos apaixonamos, resolvemos morar juntos e criamos uma rotina maravilhosa que a única regra seria o respeito e faça comigo tudo que gostaria que fizéssemos com você.
Eu sempre tinha uma sorridente recomendação de “juízo hein”, pelo meu passado e minhas inseguranças, eu tinha medo de perdê-lo, tinha medo de acordar deste sonho e fiquei intrigada quando percebi que ele também tinha os mesmos receios. Eu o amava para sempre, um amor desenfreado.
- Arcise Câmara

- Crédito de Imagem: http://anajaine.spaceblog.com.br

Nenhum comentário:

Postar um comentário