terça-feira, 29 de abril de 2014

Amor forçado não é amor


Mais fácil e menos confuso é entender que não se força o amor, que amar é ter nossa liberdade, que cada dia, cada hora, cada minuto merecem ser apreciados e que amar não é escravizar alguém.
Muitas correntes são consequências das nossas escolhas, das nossas “aparências diante da vida”, da importância que damos a quem dificilmente se importa de verdade com a gente, ou estão à procura de beleza ou lutam pelo inevitável, não ficar sozinhos, mesmo que para isso escolhemos as más companhias.
Ele trouxe felicidade e encanto para minha vida, foi risonho, manteve as aparências, independente, acolhedor. Amávamos apesar de tudo, apesar de sua insistência em me afastar do mundo, apesar do seu autoritarismo e de suas reclamações constantes de falta de amor.
Seu amor preenchia o vazio em mim acumulado por décadas, à causa de tudo era a minha carência, o não conhecer-me, as reclamações de mim mesma, o relacionamento era menos real e mais uma tábua de salvação, era o alívio e a necessidade dos meus propósitos, as expressões de amor dos filmes.
Ele era de deixar qualquer um maluco, de poucos amigos, com rudeza nas palavras, com exigências esquisitas, cheios de desafios, impasses, descobertas, brigas, alegrias e sofrimentos. Eu o aceitava como ele era.
Um homem realmente intranquilo, marcado por uma infância rejeitada, por pais ausentes que só pensavam em trabalhar, o mundo não tinha muito a ver com ele, era espantoso como ele pode ter absorvido tanta coisa ruim, das experiências negativas os frutos são geralmente bons, mas não para ele.
Ele nunca permitiu esquecer o amor do passado, ele tinha dificuldade em ser rejeitado, ele não tinha forças para fazer nada, queria a todo custo aquele amor irreal, queria abrir caminho e se sentir aceito, queria de vez em quando tentar ser feliz aprisionando quem estava perto.
Claro que ele errou, todo mundo erra, era tão inconsciente, tão  familiar aquela dinâmica de fazer suas próprias leis, suas regras, seus mandos, eu na altura do campeonato já ria de mim mesmo.
Nunca foi uma união real, dinâmica, ativa, nunca foi acertada a escolha de viver assim, eu tinha medo de tomar a decisão sozinha, tinha medo até de ser morta por conta da contrariedade que ele sentiria, não havia sinal de crescimento ou de amadurecimento. Eu me joguei numa piscina rasa e bati com a cabeça no azulejo, era difícil me "desrelacionar" sem as consequências penosas do “amor forçado”.
- Arcise Câmara
- Crédito de imagem: http://psicoterapiacinthyabretas.blogspot.com

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