Nem
eu mesma sei o que é certo para mim, tenho uma confusão mental em relação ao
que quero para minha vida, porém sigo a minha intuição, por mais sentimento que
eu sinta eu não posso conviver pisando em ovos.
O
amor é para os tolos, há quem pense, mas eu acho o amor algo maravilhoso, uma
sensação de bem-estar que invade o corpo e a mente, o despertar dos sentidos.
Procuro
relacionamento seguro, são, consensual, afetivo e respeitoso, procuro respeito
acima de tudo, procuro amar e ser amada numa relação sem conflitos, procuro um
sentimento para crescer a cada dia.
Eu não
me parecia com ele em nada. Era o meu oposto, eu ia na direção sul e ele ia na
direção norte, era um alívio quando excepcionalmente caminhávamos na mesma direção.
Eu acho
que tomei a decisão certa, a decisão de seguir o íntimo do meu ser, a decisão
de deixar pra lá, de esperar do universo alguém compatível, que me agrade.
Eu
estava preocupada, ansiosa, nervosa, já estava à espera de um amor, me sentia
pronta, feliz, realizada profissionalmente, mas faltava a completude de uma
relação de verdade. Algo que nunca vivi.
Eu
tento não reagir as emoções que me trazem ao passado. O que passou passou. O
passado trouxe cicatrizes, sonhos desfeitos, mágoas, ressentimentos, mas trouxe
também o lado feliz da história do qual não quero me apegar.
Então,
como eu me sinto? Eu me sinto com pressa, com vontade de experimentar tudo que
ainda não vivi, com uma louca sensação de acreditar que eu devo e mereço viver
a intensidade de uma grande amor.
A
regra número um é não deixar a carência tomar conta, não se deixar influenciar
pelo fato de você está solteira a tanto tempo, não permitir que o coração
diminua o seu juízo.
Tento
manter a atmosfera de que ainda não chegou a hora, de que mesmo que eu me sinta
pronta, talvez eu não esteja tão pronta assim, talvez eu precise curar feridas
que acredito estarem curadas.
Ando
partilhando a vida com os amigos, vivendo de um jeito novo, curtindo o
presente, ando me aventurando nas delícias da cachoeira, dos igarapés, do jogo
de vôlei.
Não
fomos feitos um para o outro, não fui feita para muitos homens, muitos homens
também não foram feitos para mim, quero atrair quem me atrai, quero sintonia de
corações.
Curto
homens que leem livros, grisalhos, cheirosos, aventureiros, homem que sabe o
que quer, homem que se adapte ao meu jeito, homens leves, bem-humorados,
saudáveis.
Tenho
que aprender a amar o outro como ele é, tenho que aprender a não esperar coisas
que o outro não pode me dar, tenho que aprender a ser feliz também com o
defeito alheio.
A
minha melhor opção é enfrentar o medo de frente, abraçar as não garantias da
vida, viver com o propósito de ser feliz, estar consciente das coisas que
virão, em sintonia com o universo.
Estive
zangada, com propósitos errados, querendo que tudo conspirasse conforme meu
desejo, abdiquei muita coisa e queria retorno pelas coisas que abdiquei,
esqueci apenas que ninguém me pediu para abdicar, abdiquei porque eu quis.
Hoje
rio das bobagens que cobrei dos outros e de mim mesma, das coisas em que
acreditava, do retorno em que acreditava que a vida deveria me retribuir, eu
estava completamente enganada.
Isso
não tem nada a ver com ele, nem comigo, isso era apenas um sentimento de
recompensa que me invadia, eu precisava ser recompensada por tudo que fiz e
vivi.
É um
passo para a hostilidade, para as reclamações sem fim, para eu me sentir a
senhora da razão, a cheia de si, a dona Maria Certa. Depois tive que me tocar e
entender que eu dependo de mim para ser feliz.
- Arcise Câmara
- Crédito de imagem: http://universodevariacoes.blogspot.com
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