Estava eu com ar de pouco caso, mas no fundo estava bem nervosa com tudo que estava acontecendo. Não acredito nos sentimentos dele, mas também não o posso impedir de senti-lo mesmo que eu não acredite nisso.
Fazia tempo que não o via, mas todos os meus contatos o viam e faziam questão de me dizer mesmo que minha expressão fosse sem expressão, fazia cara de paisagem ou cara de que ninguém tinha dito coisa alguma.
A minha fala é como se eu batesse no peito com arrogância e dissesse que aquilo não tinha mais nada a ver comigo, que as notícias dele não eram bem ou mal-vindas.
Deus me livre pensar assim, mas muitas vezes me perguntei o que faz a pessoa te trazer notícia do ex e depois fazer aquela cara de observação para tentar decifrar qualquer demonstração de felicidade ou de contrariedade.
Então dentre tantas coisas que ouvi, escutei com todas as letras que o ex ia casar, tremi de medo de manifestar o ressentimento que me invadia por dentro. Nem sabia que poderia sentir aquilo, mas não estou aqui para abafar as emoções.
O que sentia era algo legítimo, não era sentimentos nobres nem dignos, não era uma atitude boa, exatamente ao contrário, marcava com grifo a vontade ou necessidade de que ele sofresse uma decepçãozinha amorosa tão dolorida quanto a minha.
Um grande medo me rondou por dentro. será que aqueles sentimentos mesquinhos era alguma prova de que ainda gostava dele? Ou será que era uma espécie de desejar o mal a quem te fez sofrer?
Eu estava num transe "sem coração", aquilo mexia comigo, cadê aquele meu lado que um dia foi madrinha de casamento do ex primeiro amor? Cadê aquela mulher que desejou todos as bênçãos do universo no casamento do primeiro namoradinho?
Era receio, receio que desse certo, receio de que a felicidade batesse na porta, receio que ele não pagasse pelo que fez, nunca fui vingativa, mais a vida tinha que se vingar, tinha que ser um eco.
Comecei a suar frio, pela testa, no buço, no corpo todo, aquela notícia estava tirando a minha concentração, minha vida tinha parado depois desta notícia, mas eu ainda não sabia quão libertadora seria a mesma notícia trágica.
Avancei! Resignei-me! Como é que eu poderia ter um sentimento por alguém que eu não pensava nos últimos doze meses, nem ligava, nem queria ter notícias?
Aquilo não era sentimento, era apenas um conflito interno, uma descrença que seu relacionamento havia se transformado em algo sério em meio a tanta imaturidade.
Salvei-me daquele sentimento estranho mais que pude, concentrei-me em leituras, no trabalho, no namorado. Sim! Eu tinha namorado. Sim! eu já havia dito à ele que o amava, era assim que eu sentia e por mais absurdo que possa parecer eu ainda tenho a certeza desse amor.
Não ria! Queria ver se fosse com você? Sentimento a gente sente e pronto. Não precisa justificar, aliás nada na vida merece uma justificativa, nem mesmo sentimentos.
Merecia louvores por ser tão honesta comigo mesma, mas será que precisava ser honesta com meu namorado? Acho que ia prejudicar meu namoro, então resolvi pensar em mim e nele. De que eu adiantava eu contar se eu quero construir uma relação forte e duradoura com ele, só iria minhocar sua cabeça.
Estava que não podia mais com um sentimento de culpa me invadindo o peito, queria ser honesta com ele mais tinha medo das consequências, por outro lado achava uma coisa tão boba sob a possibilidade de comprometer a relação.
Fiquei aflita internamente, procurava verdadeiro sentido para dizer ou não dizer. Minha Nossa Senhora Auxiliadora me ajuda a ser menos transparente se é possível ou vou ficar louca.
O meu mundo estava perdido, mas a verdade prevaleceu, expliquei tudo e ele entendeu, percebeu no meu olhar e na tranquilidade da minha voz que não havia sentimento e disse para mim que eu seria ex dele eternamente e que a minha história com ele jamais iria se apagar, assim com nosso história, mas que ele desejava muito que nossa história não tivesse fim.
Bem que podia ser verdade. já pensou eu, feliz para sempre!
- Arcise Câmara
- Crédito de Imagem: http://cinemarcos.blogspot.com
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