quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

Ele é demais


Custei a absorver que eu finalmente tinha encontrado alguém legal, que me fazia feliz sem esforço só pelo fato de ser ele mesmo, custei a acreditar ser possível tanto encaixe, tanta sintonia.
Nunca imaginei que depois de tantas danações, de tanto mal entendidos, de tanto sofrimento, minha vida fosse mudar de rumo, mas tenho certeza que tudo aconteceu porque eu também mudei, eu me aclamei, eu me entendi.
Nada de esperar por ligação telefônica do dia seguinte, nada de colocar expectativas em cima dos outros, nada de fantasiar o improvável, viver com a realidade dos fatos e acontecimentos.
Fui amiga de mim mesma, resolvi me paparicar, incrementei o visual, deixei de acreditar em tudo o que me diziam, infelizmente existe pessoas que falam para agradar, para receberem a troca a atenção que acham que merecem.
Passei a observar como ninguém, um homem que tem dois pesos e duas medidas não é um bom homem, um homem arrogante, ignorante, prepotente, uma pessoa que destrata com facilidade outras não é um bom partido.
Agora tudo parece perfeito, sei que perfeição não existe, somos humanos, falhos, estressados, pouco atenciosos, somos às vezes egoístas, somos rudes e sem consideração, somos chatos sob a alegação de que “este não é o meu dia”.
Ele evita ser desagradável, não costuma ter atitudes feias, não costuma gritar, xingar, perder a compostura, ser grosseiro com atitudes e palavras, ele se esforça para entender meu lado b, c, d.
Fiquei caidinha mesmo, como poderia encontrar alguém tão compatível, como poderia estar tão feliz, me sentindo amada, querida, realizada, tão eu. Como poderia achar que de fato um homem assim existe e adentrou meu mundo.
Isso não é nem metade do que sinto quando estou ao seu lado, ele desperta em mim todo o positivismo, a alegria, a bondade, a certeza de que os relacionamentos podem ser diferente, que homens não são todos iguais.
A individualidade existe de fato na nossa relação, tenho um dia só para mim, um dia para sair com as amigas, um dia para frequentar salão, bares, restaurantes, comer pipoca e assistir filminho. Um dia para chamar de meu.
Sempre busquei relacionamentos assim e nunca me aconteceu isso antes, de alguém que entenda a minha vontade de respirar sem achar que está sendo menos amado, sem achar que está sendo traído, sacaneado.
Minha cama tornou-se grande, uma vontade insalubre de ficar junto, um desejo incontido de juntar as escovas de dentes o quanto antes, uma alegria em ver que estamos felizes cada qual sem anular nossas personalidades fortes e livre.
Não tive que dizer uma única vez como gostaria de ser amada, não impus regras, nem precisei explicar demais, somos cabeças parecidas, acreditamos no amor e na individualidade.
Estou tentando trabalhar, mas me desconcentro toda vez que sinto o teu cheiro no meu nariz, toda vez que sinto a sua pegada, o seu carinho, a forma como você me olha, seus olhos falam por si.
Precisamos conversar sobre muitas coisas, não seremos unanimidade em tudo, isso não existe! Temos que conversar sobre a falta de desejo de ser mãe, sobre a vontade de conhecer o mundo, dividir tarefas domésticas.
Percebo que emagreci, ando esquecendo de comer, a comida saiu do foco principal, deixou de ser objeto de desejo, de compensação, os chocolates sumiram da geladeira, os rodízios perderam o sabor.
Bom momento para discutir internamente meus erros do passado, não posso repetir as infantilidades e mesquinharias de antes, não quero brigar por bobagens, nem discutir por coisas sem importância.
Continuo falando demais, quando percebo já soltei, é uma forma de comunicação, sei que tenho dois ouvidos e uma única boca, mas não aprendi a arte de calar, comunicação para mim é vital, ter assunto e papo é um bom sinal de que nos daremos bem.
- Arcise Câmara
- Crédito de Imagem: colunistas.ig.com.br




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