terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Ele é complexo e difícil


Posso desistir dele a qualquer momento, mas abrirei uma cratera na alma. Não é fácil desgostar principalmente quando você quer amar e ser amada, quer ser feliz a todo custo, quer alguém para dividir as noites frias.
Minha capacidade de amar está com defeito, não consigo enxergar as incompatibilidades que todos enxergam, não consigo me desvincular de quem me faz mal, não consigo me soltar e me entregar a um amor maduro e coeso.
Posso amá-lo incondicionalmente se necessário for, posso tapar os olhos para as grosserias, posso culpar o péssimo dia de trabalho por todos os acontecimentos e resmungos.
Eu não me sinto merecedora de qualquer amor, não quero uma relação acima da média, não quero ficar só até coisa melhor aparecer, na minha cabeça é tudo muito igual, traições faz parte do processo, mesquinharia e grosseria também.
Eu não pensava assim, até que me vi inundada por uma carência boba, por um estímulo de ser feliz de maneira “inconscientemente infeliz”, as coisas iam melhorar, ele ia me achar uma mulher espetacular e ia me valorizar por isso.
Ele é tudo para mim, mais tudo do que eu sou para mim mesma, ele é pouco romântico, pouco trabalhador, pouco interessado no meu dia, quanto menos na minha vida, ele está interessado do seu próprio mundinho, talvez queira sexo de graça e uma empregada para lhe servir.
Fica aborrecido por bobagem, briga à toa, nunca sai de sua zona de conforto, os problemas de sua vida têm causas e as causas são sempre os outros, ele poderia ser feliz se não fosse o universo conspirar contra.
Estou oficialmente namorando, com direito a mudança de status no Facebook, fui apresentada a sogra que mal levantou o olhar para me cumprimentar, a vozinha que foi um doce e repetiu a história de como ele era o bebê mais fofo da vizinhança.
O que dizer ou fazer para uma pessoa que tem tudo da vida mas não a valoriza, que injeção prescrever para alguém frustrado e sem perspectiva de futuro, como amar alguém assim?
Eu zombei de muita gente que não tinha alta autoestima, achava o cúmulo da falta de amor, achava falta de vergonha na cara, malandrice, carente elevado ao cubo, achava que só pessoas doentes entravam em roubada sentimentais.
Fiz beicinho de descontentamento, procurei abrir os olhos, ficar a par da minha realidade sem lentes de aumento, na real eu precisava muito passar por tudo isso, precisava voltar a enxergar à luz dos fatos.
Comportei-me nas atitudes, relevei zilhões de coisas, não era o outro que precisava mudar, melhorar, perceber o meu valor, era eu que precisava decidir se aquela situação era própria para mim. Depois de tanta reflexão resolvi ficar bem, resolvi pôr em prática aquele velho ditado de me amar por primeiro, fazer-me bem que mal tem?
O psicólogo me ralhou. Sim! Precisei de ajuda terapêutica, precisei ouvir a voz da experiência, não era possível todos estarem errados e eu estar certa, não era possível tentar ser compreendida sem o menor retorno.
Nunca me senti tão feliz, a felicidade dependia única e exclusivamente de mim, tudo ficou limpo e claro, a vaidade voltou, o sorriso no rosto se estampou, a vontade de viver feliz prosperou como a implosão de um vulcão.
Tomei aversão súbita, coisas ruins não se sustentam por muito tempo, um dia a casa cai, a gente cansa ou encontra alguém melhor para dividir as alegrias, um dia as coisas se encaixam e aquele brilho cego nos olhos se cura.
Hoje eu prefiro ignorá-lo, não saber notícias, não me preocupar em saber o que se passa, por onde anda e como vai, hoje eu só desejo felicidades a ambos, felicidades a mim e felicidades a ele.

- Arcise Câmara
- Crédito de imagem: melhordoplaneta.blogspot.com 










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