domingo, 15 de dezembro de 2013

Pedaços de mim





Odeio cegueira imposta por cultura, religião, estudo. Inflexibilidade não é comigo, para mim as coisas se resolvem no afeto.

Não eu sou que digo muitas coisas, às vezes a gente repete o que houve, interpreta pelas interpretações alheias, faz julgamentos dos julgamentos dos outros.

O meu sangue anda morno, mas já foi um puro sangue quente, o de ferver com uma facilidade tão rápida que não dava nem tempo de raciocinar e quando dava por mim já tinha ofendido e vomitado minhas verdades que nem eram tantas verdades assim.

Não sofri grandes privações na vida, não fui rica, nem sou, mas vivi e ainda vivo uma vida feliz, uma vida em que decido ser feliz do jeito certo, aquele jeito de valorizar sempre o que temos.

Sou simples de alma sofisticada, sou moderna, amo invenções, tecnologias, conforto, mas gosto mesmo é de amigos, de pipoca, de aproveitar um belo por do sol.

Sou generosa, não nego comida a ninguém, faço as minhas caridades diárias e muitas vezes, trabalho o sentimento de me sentir lesada, às vezes eu sinto que estou sendo enganada pela falsa receita médica, pelo falso filho doente, pelo dinheiro para comprar comida. Bom dinheiro deixei de dar, quer um prato de comida eu pago. Já aconteceu de eu não ter como ajudar e receber uma praga horrorosa. Isso me chocou e me deixou mal. A pessoa não era deficiente, tinha mãos, pernas, braço, força física, poderia está varrendo um quintal e vem pedir com a certeza de ser atendida e caso contrário despeja todo o ódio em cima da pessoa, é mas no fundo não é da pessoa e da condição sub-humana dela mesma.

Topo qualquer desafio, sou pau para qualquer obra, pode contar comigo quando quiser, a minha família e meus amigos são meus diamantes mais valiosos, minhas joias raras, meu tesouro escondido e trancado no cofre secreto.

Sou de fincar raízes, de estabelecer relacionamentos duradouros, sou de amizades eternas, curto os mesmos lugares e os mesmos ambientes sem enjoar. Quando gosto, gosto.

Já fui jogada aos leões, já sofri acusações infrutíferas, frutos da inveja. Já me culparam por coisas que eu não fiz no ramo profissional, já deixaram de assumir culpas e riscos para que a corda quebrasse no lado mais fraco, mas felizmente não quebrou.

Sou estressada com o trânsito, a minha sorte é morar tão perto de tudo que necessito, ganho qualidade de vida com isso.

Amo me divertir um pouco, mas não tenho a obrigatoriedade de sair sempre, de estar sintonizada nas festas e baladas do momento, não curto boate nem música eletrônica.

Sou psicóloga de amigas íntimas, deixo que as pessoas falem o quanto queiram, que expressem suas frustrações, que se sinta aliviadas em compartilhar os problemas. Apesar de falastrona, sou toda ouvidos quando necessário.

Não descarto completamente quem cruzou a minha vida, não acredito em acaso, as pessoas entraram no meu caminho com o propósito de me acrescentar, tudo tem uma explicação, tudo é para o meu amadurecimento e meu bem, até as coisas aparentemente ruins te trazem boas lições.

Não sei conviver sem o olho no olho, faz parte da minha natureza, desvendar a alma de quem me cumprimenta, refletir o meu eu no seu olhar.

Já fui mais teimosa do que o habitual, minhas ideias eram válidas e mirabolantes, o outro não tinha mais nada a propor, eu era um poço de vaidade e de sabedoria. Minhas ideias e soluções tinham grandes fundamentos, mas minha teimosia me brecava de aperfeiçoá-las.

O ego não pode ser gigantesco, o ego deve ser um anãozinho que não contribui com a soberba.

Nem sempre é fácil controlar os leões interiores, principalmente quando você foi mimada e paparicada, quando você foi a queridíssima filha, quando você teve uma infância sem atropelos e frustrações. Então a vida adulta começa a te apresentar os "nãos" e às vezes esses "nãos" vem em sequências que parecem não ter fim.

Quando eu tenho um sonho, eu luto por ele, mas eu não luto com todas as forças porque eu acho que quando as coisas têm que acontecer, elas acontecem naturalmente sem grandes esforços, porém todos os meus projetos tiveram renúncias, suor e até "sangue" e lágrimas.

Tenho uma capacidade visionária fora do limite, se eu penso que vou esquecer o celular, acabo esquecendo, se eu penso que o pneu está para furar, acaba furando, se eu penso que as coisas vão dar certo, acabam dando. Acredito muito na minha intuição, muitas vezes minha intuição grita nos meus ouvidos e perturba a minha mente.

Nunca desisto na primeira dificuldade, não desisto de uma amizade nos primeiros tropeços, não desisto tão fácil, só se de fato não valer a pena.

Quando eu magoo alguém, eu peço profundas e sinceras desculpas, mas nunca prometo não fazer de novo, ou não magoar novamente. Sei que não sou perfeita e que cedo ou tarde o outro terá frustrações comigo ou eu com ele. Mas sou humilde em admitir que eu errei.

Não sou de me incomodar com ciúmes, eu me incomodo com desrespeito. Ah des-res-pei-to sai daqui!

Se for meu par romântico, não exagere na dose, nenhuma dose em excesso, por favor. Nem ligações demais, nem pitis ao extremo, nem muita ousadia e nada de grudes.

- Arcise Câmara

Crédito de Imagem: nostalgizar.blogspot.com




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