Sábado, mamãe e eu quase fomos
atropeladas por um carro Siena bege bem em cima da faixa de pedestre, cujo
sinal estava fechado para o carro, o motivo do quase atropelamento? O motorista
queria fazer um retorno onde não havia retorno, aquilo me deixou fora de mim,
filmei a cena, fotografei a placa, mas resolvi deixar pra lá, aquilo me
incomodava demais e ir atrás de “justiça” e remoer todos os sentimentos
negativos juntos.
Somos autoritários quando pensamos no
nosso umbigo, não usamos de bom senso, tampouco de honestidade, queremos tirar
vantagem e não raciocinamos direito, raciocínio passa longe da nossa
imaginação.
Eu não sei nada de muitas coisas, mas
aprendi a respeitar os outros, a tentar me colocar no lugar dos outros, a fazer
as coisas corretamente, prefiro gastar gasolinas a fazer imprudências que podem
me sair muito mais caro, prefiro o certo ao errado.
Quem fez isso conosco não está
preocupado com meu bem-estar, nem com da minha mãe, quem fez isso conosco tem o
dom soberano de pensar apenas em si mesmo, quem fez isso conosco é livre de
dores na consciência, não faz um frizz no cabelo, nem deixa de dormir.
Decepcionada, fiquei o sábado todo
remoendo o assunto, perdi a paciência com outro motorista que me roubou a vaga,
chamei um palavrão tão alto que várias pessoas me olharam incrédula, ninguém
percebeu que minha vaga foi furtada, mas todos perceberam meu descompasso.
O sábado chato anulou qualquer razão
para acreditar no ser humano, nos anjos, na bondade, vale só pensar em mim, nos
meus bens, no que para mim é verdadeiro ou importante. Ninguém vive pela gente
e eu me tornei uma péssima pessoa, com um humor oscilante, com raiva aparente
por causa dos outros e foi então que me apoiei na reflexão de deixar quieto,
porém, precisava ser como uma criança adaptar-me rapidamente a felicidade, sem
deixar minha casinha feliz em permanentes sobressaltos.
Estava completamente errada, deixei
que os outros moldassem a minha postura, deixei de acreditar nos meus pontos
fortes, a tolerância se ausentou, a ternura morreu por horas, todos concordaram
a respeito, eu tinha razão, mas de que adianta e não ter paz?
De que adianta cumprir as leis, ter
todas as justificativas plausíveis e se comportar de tal maneira?
O segredo para uma boa vida é a paz
de espírito, então não é bom comparar como o outro deveria agir, não é bom
começar a se referir as pessoas como se você se comportasse melhor que elas,
não é bom ter todos os argumentos, certas coisas não mudam, algumas pessoas
serão do jeito que são para sempre.
Nada de profecias importantes, nada
de estradas estreitas, nada de manifestações intolerantes, tenho um bocado de
projetos, deixo todos esses projetos de lado e com grande alívio se conseguir o
meu único propósito de ser feliz, entretanto, quero ser feliz com as minhas
moedas. De nada adianta me sentir superior, deixar de refletir sobre a minha
vida, sobre os meus erros, sobre as mensagens que passo a quem está ao meu
redor.
Desejo ser
carinhosa não só para como os meus, mas com quem estiver próximo, quero ser
luz, quero ser amor, quero ser um nada que se faz tudo, quero meu corpo
descansado, minha autoanálise em dia, meus questionamentos são compostos de
muitas coisas, as pessoas me afetam, o calor me afeta, as traições me afetam,
as injustiças me afetam, minha sensibilidade fica totalmente afetada, porém,
preciso simplificar a vida para não me afogar em desgosto, aprender a amar além
dos percalços diários.
- Arcise Câmara
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