quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Deixa pra lá



Sábado, mamãe e eu quase fomos atropeladas por um carro Siena bege bem em cima da faixa de pedestre, cujo sinal estava fechado para o carro, o motivo do quase atropelamento? O motorista queria fazer um retorno onde não havia retorno, aquilo me deixou fora de mim, filmei a cena, fotografei a placa, mas resolvi deixar pra lá, aquilo me incomodava demais e ir atrás de “justiça” e remoer todos os sentimentos negativos juntos.

Somos autoritários quando pensamos no nosso umbigo, não usamos de bom senso, tampouco de honestidade, queremos tirar vantagem e não raciocinamos direito, raciocínio passa longe da nossa imaginação.

Eu não sei nada de muitas coisas, mas aprendi a respeitar os outros, a tentar me colocar no lugar dos outros, a fazer as coisas corretamente, prefiro gastar gasolinas a fazer imprudências que podem me sair muito mais caro, prefiro o certo ao errado.

Quem fez isso conosco não está preocupado com meu bem-estar, nem com da minha mãe, quem fez isso conosco tem o dom soberano de pensar apenas em si mesmo, quem fez isso conosco é livre de dores na consciência, não faz um frizz no cabelo, nem deixa de dormir.

Decepcionada, fiquei o sábado todo remoendo o assunto, perdi a paciência com outro motorista que me roubou a vaga, chamei um palavrão tão alto que várias pessoas me olharam incrédula, ninguém percebeu que minha vaga foi furtada, mas todos perceberam meu descompasso.

O sábado chato anulou qualquer razão para acreditar no ser humano, nos anjos, na bondade, vale só pensar em mim, nos meus bens, no que para mim é verdadeiro ou importante. Ninguém vive pela gente e eu me tornei uma péssima pessoa, com um humor oscilante, com raiva aparente por causa dos outros e foi então que me apoiei na reflexão de deixar quieto, porém, precisava ser como uma criança adaptar-me rapidamente a felicidade, sem deixar minha casinha feliz em permanentes sobressaltos.

Estava completamente errada, deixei que os outros moldassem a minha postura, deixei de acreditar nos meus pontos fortes, a tolerância se ausentou, a ternura morreu por horas, todos concordaram a respeito, eu tinha razão, mas de que adianta e não ter paz?

De que adianta cumprir as leis, ter todas as justificativas plausíveis e se comportar de tal maneira?

O segredo para uma boa vida é a paz de espírito, então não é bom comparar como o outro deveria agir, não é bom começar a se referir as pessoas como se você se comportasse melhor que elas, não é bom ter todos os argumentos, certas coisas não mudam, algumas pessoas serão do jeito que são para sempre.

Nada de profecias importantes, nada de estradas estreitas, nada de manifestações intolerantes, tenho um bocado de projetos, deixo todos esses projetos de lado e com grande alívio se conseguir o meu único propósito de ser feliz, entretanto, quero ser feliz com as minhas moedas. De nada adianta me sentir superior, deixar de refletir sobre a minha vida, sobre os meus erros, sobre as mensagens que passo a quem está ao meu redor.

Desejo ser carinhosa não só para como os meus, mas com quem estiver próximo, quero ser luz, quero ser amor, quero ser um nada que se faz tudo, quero meu corpo descansado, minha autoanálise em dia, meus questionamentos são compostos de muitas coisas, as pessoas me afetam, o calor me afeta, as traições me afetam, as injustiças me afetam, minha sensibilidade fica totalmente afetada, porém, preciso simplificar a vida para não me afogar em desgosto, aprender a amar além dos percalços diários.

- Arcise Câmara

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