Imagem: uol - dama de preto
Somos fortes
o suficientes até mais do que pensamos, superamos crises, tristezas,
monotonias, dirigimos pela avenida da vida sem falar nada, sem perder a
concentração, esquecendo a música que toca no rádio, nos afastamos dos
pensamentos, precisamos nos concentrar, que fique bem claro que estamos ao
volante onde os pensamentos insistem em chegar.
Após estacionarmos
e refletindo em cima de tantas coisas, percebemos tristemente o quanto
estávamos completamente acorrentadas, éramos par de quem não merecia o nosso
amor, não fazia nada para merecer, vivia exclusivamente para ele mesmo porque
não havia justificativa interna nem energia suficiente para amar
verdadeiramente.
Busquei
relacionamentos próximos, sei que tem muitos relacionamentos de fachada por aí,
mas buscava relacionamentos reais, sem falhas, precisava ser diferente do que
eu vivia no momento, mesmo com tanta gente dizendo que casamento é assim mesmo,
que todo homem é egoísta, que a excitação acaba com o tempo, que quanto mais
tempo de relacionamento tivermos mais irmãos seremos, salvo se ele tiver uma
amante que por conta da condenação da consciência te tratará com alegria.
Fiz uma
proposta a mim mesma, mudei completamente minha maneira de agir, tornei-me paciente,
valia a pena dedicar um pouco do tempo a ele e a mim mesma. Ele dormia cedo
então aproveitava para curtir os filmes que eu amava e ele detestava, no
entanto, o relacionamento estava indo mau, qualquer melhora parecia a melhora
da morte. Olhei para trás um montão de vezes, todos os meus ex eram incríveis,
o sentimento não parecia passageiro, ninguém brigava por coisas tolas, os
momentos eram curtos para tanto amor.
Era como se
um dia eu já estivesse sentada num trono, com a certeza que já amei, como a
crença que eu conhecia o amor. Acreditei e consegui mudar de fase, não cobrei
nada da minha atual situação, seria inútil, jamais fui inspirada a deixar
florescer sentimentos, ou se sente ou não, éramos duas pessoas vivendo por si
mesmas, ninguém mais poderia interferir, tentar salvar qualquer coisa.
Jamais
acreditei que teria coragem, de ser eu mesma, ter vida própria, nenhuma
expectativa futura de me auto enganar , tinha fome de liberdade. Cruz Credo!
Desobrigada
a dar satisfação da minha vida a quem quer que fosse, doei os livros lidos que
enfeitavam a estante, aumentei o número de copos d’água bebidos, um por hora
acordada, passeava para onde eu quisesse, recebia as visitas que desejasse e
aos poucos fui voltando a ter satisfação pessoal em ser quem sou.
E quem acompanhou
tudo isso, sabe que o rapaz se arrependeu, mas que infelizmente acabou, digo
infelizmente porque lá no fundo de mim mesma e como sempre disse, acredito no
amor.
Somos
humanos, faço promessas felizes para o resto de minha vida, evito as tentações,
controlo a liberdade, porém, desencanto
com intensidade, motivo-me a abandonar o barco quando não há uma afinidade
particular porque a minha liberdade é preciosa e não negociável.
Esquecer por
ora qualquer compromisso, dispensar os que não se encaixam, não é uma espécie
de abstinência prolongada, não tenho nenhum motivo para me privar de
relacionamentos, mas tem momentos que relacionar torna-se secundário. A gente
fica com vontade de fazer um monte de coisas, sem frustração ou ter que dar
satisfação, a gente usa do pretexto de liberdade para faltar com certos
equilíbrios e comportamentos, a gente perde um pouco a esperança no outro e
deixa a tempestade interna passar.
Não é
necessário esquecer o passado, mudar subitamente, arruinar a amizade, não é
necessário deixar de ser gentil, ajudar em excesso, controlar a vida, não são
necessárias indiretas sutis, emoção de profunda tristeza, hesitação em ser
amigo. A única necessidade real é ser feliz.
- Arcise
Câmara
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