Revolta-me ser bonita, simples e
singela e não ser reconhecida por quem você ama, eu não quero uma pessoa que
fique amargo, triste, sem sutileza nas palavras, eu não quero ser mais forte do
que ele.
Santa Mãe de Deus, não tenho habilidade
para lidar com os sentimentos confusos, algumas coisas só produzem em mim mágoa
e tristeza, não quero alguém depressivo e que não saiba perder.
Tentando livrar-se da tristeza que
insistia em deprimi-lo cada vez mais ele se perguntava o que era amor de
verdade e se eu realmente o amava. No
fundo associava amor com vontades, não gostava de ceder.
Eu o amava e ele sentia isso, ele
sabia do sentimento que existe dentro de mim, um sentimento forte que nunca
deixei para trás, um sentimento de coloca-lo em primeiro lugar, um sentimento
de ter certeza que envelheceríamos juntos.
No entanto, ele queria ser entendido
imediatamente e eu não costumo dar razões antes de refletir, não sou rápida para
reconsiderações, ele sempre se dava mal quando estabelecia a chantagem do oito
ou oitenta. Senti que precisava fazer
pelo nosso amor, reviver o que me fez apaixonar por ele.
Estava difícil, nossa casa ficou
barulhenta e agitada, sem conquistas comuns para contar, eram momentos duros para
mim e para ele, eu queria apenas um pouco de paz, um comportamento diferente,
resolver as coisas mal resolvidas, o meu mundo não era de uma dona de casa
tradicional.
Nossa história seguiu caminhos
diferentes, não foi fácil aceitar isso, não vivíamos o nós, os sonhos acabaram
ficaram apenas os sobressaltos, as indignações com a vida, a leitura errada de
como o outro era, os conceitos generalizados de que homem é isso e mulher
aquilo.
Às vezes me pergunto sobre as
escolhas que fiz, sobre como me senti perseguida por implicância dele, como as
explosões da raiva me tornaram contida e pouco simpática, como tudo isso me fez
evitar sair com homens por três anos.
Impressionante como a gente carrega
raiva para o futuro. Mesmo separada continuava apaixonada e por mais que eu
quisesse sentir raiva não conseguia, eu o amava a distância e tinha a sensação
que o sentimento crescia mesmo estando separada.
Nunca pensei em passar por um
problema desses, já tinha me acostumado com divisões de tarefas e de contas,
tudo era muito caro para me manter sozinha, minha reputação ficou um desastre,
logo eu que todos apostavam no “felizes para sempre”. Eu sempre tive a sensação
que o conhecia há muito tempo, que tinha uma relação sólida e segura, que nossa
atração era impressionante.
Ele não era muito diferente do meu
pai, ele era arcaico, machista e degradante, quase tudo gerava confusão, tinha
dom para tiradas no quesito humilhação, sempre conseguia o que queria por conta
do meu medo de perdê-lo.
Cometi o erro de ter casado tão
jovem, não estávamos prontos para as responsabilidades de um casamento, nem
sempre conseguimos o que quereremos, nem sempre os protestos adiantam. Algumas
coisas na vida não fazem o menor sentido.
Acho que nós fomos felizes, mas não fazia
parte da nossa filosofia de vida à rotina, principalmente quando ambos têm personalidades
muito tensas e irritadiças, ele sempre se queixou de mim, isso pode. O que não
pode foi essa falta de apoio em ser eu mesma.
Arcise Câmara
Imagem Pergunte a uma Mulher
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