quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Ter um filho com o homem amado


Imagem: Cantinho da Ro.

Eita! Deve ser muito bom, planejar, programar e ter um filho com o amado, mas também é bom demais viver as maravilhas de um casal sem filhos, eu me adaptaria fácil a qualquer realidade, não sou do tipo que tenho que ser mãe pra ser feliz, já exerço minha maternidade com minha irmã que mora comigo e com minha gata.
Por favor, não me joguem em campos de concentração, não sou pior ou melhor se decidir não ser mãe, acho que é uma escolha pessoal e intransferível, não sei bem fluir as palavras para explicar que não chegou o momento, que nascimento de uma criança é um coisa muito séria que me faz pensar um milhão de vezes, que hoje discordo e me afasto da maternidade, mas só por hoje, amanhã tudo pode mudar.

Não tenho mecanismo que me defendam de pessoas intolerantes com a não maternidade, amo bebês, crianças e homem amado, amo troca de cartinhas, e-mails e as lições que a vida em família te dá. Amo estar entre a gangorra de liderar e ser liderada dentro do relacionamento afetivo, hoje cedo, amanhã ele, depois eu, depois ele, eu decido assim e ele decide de outra forma.
Não curto abortos, falecimentos de inocentes, essas coisas sem respeito e por quem acredita que é dona do próprio corpo, para o meu tempo sou bem moderninha, posso casar sem papel, posso descasar sem aviso prévio, posso ser mãe solteira, mãe casada, posso mudar de ideia, posso viver intensamente. Sou a atriz da minha própria novela, com doses de paixão e revolução.

Quase sempre estou estressada, algumas coisas me irritam, mas a vantagem é que sou de fácil perdão e o que perdoo esqueço, nada de atirar pedras antigas na cara de ninguém. Sou bocuda, falo sempre o que penso, sei que essa sinceridade barata faz vítimas, sei que arranco aplausos e muitos inimigos, mas não é maldade, é que não sei ser diferente, por mais que eu tente por períodos longos de ensaios, acabo negociando mentalmente se falo ou calo a boca.
Adoro mensagens encorajadoras, estar rodeada de gente com boa energia, os elogios que recebo e que me são úteis, que me afastam do tédio e que me satisfaz, é como água no deserto.
Odeio pressões das pequenas as maiores e por conta disso que toco nesse assunto maternal, o blá blá blá de que vou me arrepender, que tenho que correr, como se eu pudesse ter filho sozinha, mereço pegar o primeiro que me aparece para contentar sociedade?

Enfim, piso em um terreno deslizante, onde triunfa a vontade alheia sobre a minha. Por favor, eu ainda pertenço a mim mesma, as minhas certezas, ao que faço ou deixo de fazer. Faço as pazes comigo mesma e com o universo sempre que precisar, não combato a vida que não me presenteou o “homem amado e pronto para se pai” e pode até ter me presenciado e eu ter esnobado, afinal, não digo sim para todos. Não tento com todos e nem ando carente.

Pensar em filho agora e sem vontade seria um esforço inútil, hibernar num mundo não planejado, adaptar-me aos desejos externos, levar-me pelos hábitos alheios. O pisca alerta está ligado, eu sei, mas isso não faz eu perder a calma, não tem nada de anormal passar a vida sem uma filha, ou ainda ser mãe por adoção.

A maternidade efêmera passará, quão bela é ser mãe, quão maravilhoso é o prazer de ser genitora, ser mãe edifica qualquer mulher, toda a sua vida é preenchida, te tornas imortal com toda certeza, terás uma companhia ao final de seus dias, sentirás a sensação de amor eterno, dedicar-se-á sem reclamações com a única finalidade de amor incondicional, tudo isso pode sim ser verdade, mas como tudo na vida não traz garantias.

- Arcise Câmara

 

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