Eita! Deve
ser muito bom, planejar, programar e ter um filho com o amado, mas também é bom
demais viver as maravilhas de um casal sem filhos, eu me adaptaria fácil a
qualquer realidade, não sou do tipo que tenho que ser mãe pra ser feliz, já
exerço minha maternidade com minha irmã que mora comigo e com minha gata.
Por favor,
não me joguem em campos de concentração, não sou pior ou melhor se decidir não
ser mãe, acho que é uma escolha pessoal e intransferível, não sei bem fluir as
palavras para explicar que não chegou o momento, que nascimento de uma criança
é um coisa muito séria que me faz pensar um milhão de vezes, que hoje discordo
e me afasto da maternidade, mas só por hoje, amanhã tudo pode mudar.
Não tenho
mecanismo que me defendam de pessoas intolerantes com a não maternidade, amo
bebês, crianças e homem amado, amo troca de cartinhas, e-mails e as lições que
a vida em família te dá. Amo estar entre a gangorra de liderar e ser liderada
dentro do relacionamento afetivo, hoje cedo, amanhã ele, depois eu, depois ele,
eu decido assim e ele decide de outra forma.
Não curto
abortos, falecimentos de inocentes, essas coisas sem respeito e por quem
acredita que é dona do próprio corpo, para o meu tempo sou bem moderninha,
posso casar sem papel, posso descasar sem aviso prévio, posso ser mãe solteira,
mãe casada, posso mudar de ideia, posso viver intensamente. Sou a atriz da
minha própria novela, com doses de paixão e revolução.
Quase sempre estou estressada, algumas coisas me irritam,
mas a vantagem é que sou de fácil perdão e o que perdoo esqueço, nada de atirar
pedras antigas na cara de ninguém. Sou bocuda, falo sempre o que penso, sei que
essa sinceridade barata faz vítimas, sei que arranco aplausos e muitos
inimigos, mas não é maldade, é que não sei ser diferente, por mais que eu tente
por períodos longos de ensaios, acabo negociando mentalmente se falo ou calo a
boca.
Adoro mensagens encorajadoras, estar rodeada de gente com
boa energia, os elogios que recebo e que me são úteis, que me afastam do tédio
e que me satisfaz, é como água no deserto.
Odeio pressões das pequenas as maiores e por conta disso
que toco nesse assunto maternal, o blá blá blá de que vou me arrepender, que
tenho que correr, como se eu pudesse ter filho sozinha, mereço pegar o primeiro
que me aparece para contentar sociedade?
Enfim,
piso em um terreno deslizante, onde triunfa a vontade alheia sobre a minha. Por
favor, eu ainda pertenço a mim mesma, as minhas certezas, ao que faço ou deixo
de fazer. Faço as pazes comigo mesma e com o universo sempre que precisar, não
combato a vida que não me presenteou o “homem amado e pronto para se pai” e
pode até ter me presenciado e eu ter esnobado, afinal, não digo sim para todos.
Não tento com todos e nem ando carente.
Pensar em filho agora e sem vontade seria um esforço
inútil, hibernar num mundo não planejado, adaptar-me aos desejos externos,
levar-me pelos hábitos alheios. O pisca alerta está ligado, eu sei, mas isso
não faz eu perder a calma, não tem nada de anormal passar a vida sem uma filha,
ou ainda ser mãe por adoção.
A
maternidade efêmera passará, quão bela é ser mãe, quão maravilhoso é o prazer
de ser genitora, ser mãe edifica qualquer mulher, toda a sua vida é preenchida,
te tornas imortal com toda certeza, terás uma companhia ao final de seus dias,
sentirás a sensação de amor eterno, dedicar-se-á sem reclamações com a única
finalidade de amor incondicional, tudo isso pode sim ser verdade, mas como tudo
na vida não traz garantias.
- Arcise
Câmara
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