Eu
falo demais, não consigo ser sucinta, não consigo dizer: Nossa Ana Lucy como
você está bonita. Eu digo: Nossa Ana Lucy como você está bonita, parece 10 anos
mais jovem, por um acaso não andas apaixonada, teu olhar está tão luminoso,
senti algo a mais. Eu falo pelos cotovelos, não basta dizer bonito, tem que
acrescentar todos os sinônimos de bonito, tem que falar que está belo,
esplendoroso, lindo, magnífico, onipotente, tem que dizer que a áurea está com
a luz mais reluzente, tem que dizer que o semblante está espetacular. Não pense
que para o negativo eu me contenho diplomaticamente, no negativo falo que tá
péssimo, horrível, ridículo, no limite do insuportável, decadente, brocoxô. Não
consigo definir amor, tristeza, saudade, sonhos, esperança, força e fé numa
única palavra. Eu não consigo! O meu lado prolixo já veio comigo da montadora.
Assim como o exagero faz parte do meu vocabulário. Eu por muitas vezes fiz
promessas não cumpridas ao falar Nunca e Sempre, é muita decisão de palavras
para um ser tão mutante quanto eu. A fala também serve para eu falar sozinha, é
a expressão encarnada dos meus pensamentos e devaneios. Falo para ser escutada
e já me senti competindo espaço no telefone com amigas minhas no inconsciente
vamos ver quem fala mais. Se alguém não tem interesse realmente em saber se
está tudo bem, nem pergunte, porque o tudo bem, não vai ser resposta padrão, o
tudo bem vai ser acompanhado de o dia tá lindo, as coisas estão nos conformes,
está tudo sobre controle e nada controlado, ganhei aquele aumento, tá todo
mundo bem Graças à Deus. A mesma coisa para o tudo indo, ou tudo péssimo, está
péssimo porque o calor está insuportável, está tudo péssimo porque meu avozinho
partiu para o paraíso, está tudo péssimo porque ando desanimada. E quando eu
estiver falando, por favor, de misericórdia, não atrapalhe meu raciocínio,
posso esquecer os detalhes mais quentes e necessários.
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