Nada tenho contra os empolgados, até
porque sou uma delas, busco o melhor para mim, luto pela vida (sem fazer exames
de rotina), faço exercícios que não me deixa frustrada, tenho conflitos
profissionais como todo qualquer ser humano.
É como estar numa gangorra onde em cima
eu tenho tudo e embaixo não tenho nada. Sonhei ser psicóloga por anos, busco
uma profissão na qual vejo a possibilidade de ser feliz auxiliando o próximo.
Às vezes me pergunto qual é o maior
desejo da minha vida, sem dúvida seria a realização pessoal no trabalho, a
felicidade no trabalho, vai muito além do que faço e sim do que sinto.
O que eu faço para ter o meu sonho
realizado? Por enquanto leio bastante, me fascina tudo que representa a área de
psicologia, dar luz em meio ao caos, transformar vidas agitadas em tranquilas,
não é varinha mágica é entender, compreender e ajudar o outro, quem se prepara
para a mudança é cada um buscando o melhor para si.
Por várias vezes já tive a sensação que
nada adiantava, que era normal ser fria e distante, que eu podia viver de
reclamações, adaptar-me a uma vida mais ou menos, conhecer histórias piores do
que a minha para me conformar.
Desperdicei muito tempo da minha preciosa
vida pensando assim, foi massacrante, viver uma vida sem intervalos de
felicidades, eu precisava de um alvará com urgência.
Não cabia a mim questionar porque as
coisas aconteciam daquela maneira, o fardo às vezes era amenizado, existia
cordialidade nem sempre recíproca com quem estava perto de mim, às vezes eu tinha
educação, bom humor, alegria, respeitava pontos de vistas e era leal. Sempre
gostei da palavra lealdade, sempre curti .
Eu tinha medo de pessoas desconhecidas,
eu tinha medo até de pessoas boas que cruzavam o meu caminho, eu tratava de
forma amável, mas com muita desconfiança.
Eu tinha medo da solidão, eu tinha uma
rotina solitária, no entanto, com muitas designações importantes, eu curtia
minha própria companhia, curtia meus livros, meus filmes, minha cama e até
aquele restaurante com mesa para uma pessoa, aquilo era totalmente natural para
mim e o meu medo consistia em um dia não ver prazer em tudo isso.
Com o tempo passei a perceber que estava
cercada de pessoas desleais, colegas de trabalho indiferentes, problemas
familiares, temor, angústia e ansiedade, eu supunha que só eu não era feliz,
que só eu não tinha uma justificativa para viver, que só eu não tinha um
objetivo a alcançar.
Seria tão bom se eu pudesse antever que
tudo isso ia passar, que eu ia me sentir confiante, que eu ia me apaixonar
novamente pela minha profissão, que eu ia criar uma autoimagem positiva, que eu
ia adquirir fama de equilibrada.
Eu me sentia fraca, mas algo me
fortalecia, eu queria obter respostas, mas o choro me tranquilizava, eu buscava
soluções no invisível, na teimosia em dormir quinze horas, numa vida monótona e
cheia de decisões.
A solução vem no dia a dia, as coisas
inesperadas vão dando lugar a outras, a gente esquece os problemas ou aprende a
viver com eles, a gente divide o tempo, passa a se interessar por cinema, literatura,
põe humor em tudo, inclusive na carreira.
Daí a gente resolve enxugar as lágrimas,
preparar-se pro que passou, avalia direito a situação, incentiva os demais,
perde o ritmo, ganha o ritmo, aprende que todos aqui ou ali vivemos situações
de dificuldades e aprendemos a ser nossos líderes.
Arcise Câmara
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