
Quem quer pisar em ovos pelo resto da
vida? Quem quer ter vida de solteiro estando recentemente casado? Quem culpa os
outros pela própria angústia?
Caminhar a dois não é tarefa das mais
fáceis, é um exercício diário em companhia, nada parecia muito gentil, parece
que eu não estava com aquela força toda para amar, estava cheia sendo guiada
pela ansiedade, a irritabilidade, a impulsividade. Eu era ágil para brigar,
tínhamos um tratamento difícil a minha forma de me relacionar era diferente da
dele.
No início éramos companheiros
inseparáveis, depois observamos o nosso lado incompatível, nossos segredinhos
viraram chantagens, não havia consciência na construção de uma família. Aquela
pessoa verdadeiramente atenciosa não existia mais.
Não conseguia deixar de me preocupar
por conta das brigas de que eu não passava a figura de mulher séria, dedicada
ao lar, que ele não tinha confiança em mim, que eu soava arrogante, pavio curto
e instável.
Sempre sonhei em felicidade sem
esforço, boa demais para ser verdade sem as instabilidades e inseguranças,
talvez porque quando eu amo eu fico mais segura que uma rocha e não precise de controle
para ser fiel.
Não me preocupo em controlar ninguém
e odeio ser controlada, minhas credenciais são fidelidade e lealdade, porém sou
dispersa curto os amigos, boas gargalhadas, se você não quiser me acompanhar em
eventos pode ficar, noto as diferenças mas consigo compreendê-las.
A atmosfera entre nós mudou para
pior, o tom era hostil e impaciente, típico de apatia ao primeiro olhar, com o
tempo ficou tudo muito recíproco, era difícil ser boazinha com quem te
despreza. Sentia uma saudade imensa que apertava o peito do tempo que nos
conhecemos, do tempo em que você me achava metida e certinha e fazia tudo para
me conquistar e me fazer feliz.
Sempre sonhei viver uma vida repleta
e gratificante, mesmo sem você, o ideal seria que fosse com você, mas já que
isso não era possível, já que com você eu vivia com a cabeça atormentada, eu
não tinha paz...
Nessa ocasião percebi que sou mais
forte do que pareço, que nem todo amor é importante, que senso de humor deve
fazer parte da vida familiar, que nem todos os casamentos dão certo, que eu não
poderia te colocar como a pessoa mais importante da minha vida sendo tão
infeliz.
As minhas atitudes mudaram, sei
disso, adorava meu trabalho, minha voz alegre era minha marca registrada, era
evidente que eu me sentia bem comigo mesma em todas as áreas da vida, menos em
uma.
Infelizmente o divórcio se tornou um
câncer social, eu mesma já aconselhei várias pessoas a ficarem juntas, a procurar
um terapeuta, a aprender a lidar com os sentimentos, sendo franca e torcendo
pelas relações, mas quando você se ver completamente infeliz o discurso do
felizes para sempre muda de figura.
Eu fui um pouco além da conta no meu
limite de tolerância, cada palavra era uma possibilidade de união, depois
entendi, por mais que gostássemos um do outro, eu ia para a direita e ele para
a esquerda, o que mais pesou foi ter a ideia de que ele era uma pessoa
desprovida de compaixão.
Um beijo longo e intenso e uma
despedida, destruí seus sonhos de uma família, voltei atrás no meu sim,
transformei meu sim em não, mas eu precisava continuar com sentimentos lindos
ao seu respeito para sempre, eu precisava me livrar dos ressentimentos e tornar
minha vida mais pura e mais alegre.
Arcise Câmara
Imagem We It
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