Pode-se passar mil anos, mas a
verdade sempre aparece, ele tem a própria importância, a verdade nunca pode ser
negada, o que é obscuro hoje é claro amanhã, temos indicações concretas nos
contextos da vida que a verdade falha mais não tarda.
Sofremos enormes e rápidas
mudanças culturais, somos apedrejados por informações permanentes e novidades
nem sempre “novidades” que vira e mexe se repetem, como crime passional,
drogas, violência nas manifestações, desaparecidos e problemas sociais de toda
ordem.
O mundo da beleza está em
holofotes, uma realidade facilmente reconhecível, a de barrigas negativas,
músculos definidos, suplementos alimentares, malhação, alimentação equilibrada,
dietas da moda, felizmente apreciada por todos como atitudes milagrosas.
Compreendo as razões, mas não os
argumentos, algumas coisas são de um radicalismo infundado, modos inadequados
de ver a vida, de ver o outro, época do individualismo, onde a educação perde a
força, onde as doenças de fatores psíquicos ou sociais são uma avalanche ainda
não percebida.
Não quero, nem pretendo diminuir
o valor da busca pela saúde ou as possíveis etapas de aprimoramento interno e
externo (mente e corpo), porém, deve-se ficar atenta as construções de mitos
presentes no dia a dia, com grande estímulo pelas indústrias de cosméticos,
mídias e publicidades em geral.
Poderíamos estimular mais amor,
menos mentiras, mais saúde, menos riscos, poderíamos diminuir o ritmo, colocar
à parte a ansiedade, escutar com entendimento, abrir portas, superar as
dificuldades sem se importar com que os outros estão pensando. Há muitas portas
que precisam ser fechadas e tantas outras que se abrirão, não é uma loteria,
mas os “sims e nãos” da vida.
Sem exceção, privilegiamos umas
coisas em detrimento a outras, somos de poucos amigos, nem sempre chegados aos
vizinhos, com algumas feridas em cicatrização e com a comodidade das próprias
seguranças, das obsessões em ser belo e de procedimentos estéticos cada vez
mais invasivos.
Buscamos um sentido para a vida,
uma falsa proteção. Somos juízes implacáveis ao apontar o dedo na cara do
outro. Nossos hábitos intranquilos nos acomodam, falamos de algumas questões
como donos da verdade.
Convém recordar que não podemos
mentir para nós mesmos, não podemos nos esconder atrás do orgulho, da
indiferença, da frieza, temos de viver na verdade, sem as dificuldades para
retroceder a nossa própria história, analisar nossos progressos, louvar os
sucessos, aprimorar a saúde.
Não nos permitamos viver o nosso
dia a dia de forma precária, devemos viver com o coração, combater a
desigualdade social, lutar pelos que não têm forças para lutar por si,
precisamos dar saltos qualitativos nos sentimentos de amor e bondade,
precisamos ser acumuladores de atos de amor.
Nenhum progresso científico pode
ser desperdiçado, não podemos tolerar a cultura do descartável, da
desigualdade, da exploração. Quando ferimos alguém em sua dignidade, ferimos a
nós mesmos, nossa raiz. Sejamos a inclusão social em pessoa, sem a ingenuidade
de que será fácil mas com a bondade de que é possível.
- Arcise Câmara
- Crédito de Imagem: Google
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