Curtir o
presente dos lugares por onde passo, receber a cultura e crença do ambiente,
provar comidas, amar o diferente, cativar-me com a simplicidade da natureza,
viver sem complicações com o coração saltitando de emoções.
Não há a comoção
da rotina, nem as iguarias dos mesmos ambientes, nem dos prazos e relatórios,
ou a legalidade de cumprir horários ou a intenção de seguir sempre do mesmo
jeito nos mesmos percursos diários.
Viajar é
desestressar, é se entregar a cada manhã ao novo, é querer novas descobertas, é
invadir cada espaço como se fosse seu espaço, é fazer programações bobas e
acidentalmente maravilhosas, é saber o privilegio de fazer o que gosta de
verdade, conhecendo outras culturas, outros sabores, outras percepções.
A gente recua ou
finge que não ver o que vale a pena, a simplicidade, suavidade e gentileza dos
pontos turísticos ofertados pela mãe natureza, o aprendizado das coisas boas, a
gente se acostuma com a facilidade e com a leveza do vento, da brisa, do canto.
A gente quer
mais, persuade o coração, pressiona a socialização nem sempre fácil diante de
gostos tão inusitados, esquece o conforto do próprio quarto, as paixões pelo
que já foi visto, abraça o diferente, faz questão de experimentar tudo que é
novo.
Onde vou nas
próximas férias pergunto-me ao retornar, para qual diverso lugar posso ir,
também viajo muito sem sair de casa, já passei por tantos sonhos dentro da
minha imaginação, tantas desordens, já fiz compras necessárias, já fui mais
sedutora do que nunca fui, já decorei textos, já usei a mala, a passagem e o
destino para fugir das crises.
Eu quero viajar
sempre que puder, não quero banalizar o lugar mesmo que já tenho ido mil vezes,
quero ter a mesma sensação de cabelo desgrenhado pelo vento do litoral, quero pedir
os mesmos favores olhando ao topo do Cristo Redentor, quero eletrizar no
carnaval de Salvador, quero negociar com Fernando Pessoa naquela exposição no
Museu de Arte Contemporânea.
Viajar é ter a
sorte de estudar história fora da sala de aula, aperfeiçoar hábitos pessoais, respeitar
as diferenças, dar uma volta fora do escritório e por muitos dias não olhar
para trás. É colocar cortinas blecaute no quarto, esquecer que tem hora para
acordar, fundamentar a vida sem obrigações, é esquecer de comer perdida nas
páginas do livro.
É deixar escapar
o sorriso, o suspiro de contentamento, é cantar sem saber o refrão, é estar
confortável numa realidade que não é a sua.
- Arcise Câmara
- Crédito de
imagem: Acervo pessoal, foto retirada da vista panorâmica do Shopping Botafogo
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