Ansiosa, sem
muita vontade de fazer algo novo, cansada por subir uma rua íngreme, assim eu
estava. Uma velhinha de 90 anos incorporou meu corpo de 30, transformou-me em
uma pessoa cansada e pessimista.
Essa velhinha
destruía tudo, minha autoestima, minha vontade de viver, ocupou um lugar não
conquistado. Eu passei a perceber que precisava de ajuda, precisava aceitar que
estava doente, precisava entrar na fila dos exames de rotina, da qualidade de
vida, dos exercícios físicos.
Fiquei maluca,
voltar para os trilhos era uma necessidade urgente, a teoria é muito bonitinha,
mas precisava agir, ser prática, fazer a diferença para mim mesma, gostar de
sentir bem comigo.
Era doença,
problema hormonal, dei nomes aos bois e iniciei o tratamento, eu me comportei
direitinho, segui as orientações médicas, tomei os remédios na hora certa e caí
na real de que a minha saúde é a coisa mais importante que tenho.
Jamais seria
negligente outra vez, o mal que a não prevenção causa é bem maior. Não é nada bonito
postergar os exames de rotina. Mentalizei a expressão da minha médica e sua
frustração ao ouvir de mim que só ia ao médico quando estava doente.
Às vezes por
negligência as doenças crescem em ritmo alucinado e não adianta culpar Deus, o
universo, a praga da ex-amiga invejosa, o destino de infelicidade, devemos dar
atenção ao corpo, a mente, ao espírito e para isso necessitamos da saúde em
dia, do radar em alerta, dos sintomas detectados.
Ah não me diga
que você é como eu, um relapso, uma pessoa que passa a vida ignorando os
conselhos de mãe, ou alguém que nunca faz nada por si mesmo, alguém que não
consegue ouvir os sussurros da consciência e que usa a “surdez” ao seu favor.
Alguém que não
olha para trás, é seletiva nas escolhas, ama ler livros, contraria conselhos,
não se importa com as quantidades de calorias que devora nem com a necessidade
de queimá-las, continua magra mais por genética do que por vontade própria, é
loucamente feliz, enxerga a vida com perfeição e se comporta muitas vezes como
um bobo da corte.
Alguém que rouba
a cena quando chega e não sente um pingo de remorso por isso, aliás gosta de
ser popular, sente-se a legítima princesa de Mônaco sem por em prática as
etiquetas da realeza.
Depois do
organismo checado, a vida continua até o próximo pit stop.
- Arcise Câmara
- Crédito de
Imagem: blogdaroana.com
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