Dentre tantas coisas que eu
procurava num homem eu queria que ele gostasse de dançar, porém fiquei sem
juízo quando achei que a não habilidade para a dança pudesse influenciar de
alguma forma negativa meu relacionamento.
Tínhamos uma rotina bem
diferente, eu de humanas e ele da área da saúde, eu amava dançar e ele além de
não dançar, se incomodava que eu dançasse com outros cavalheiros. Segundo ele,
eu o esnobava com meus passos de bailarina.
Assim ele zombava de mim a cada
baile que eu o convencia de ir. Eu soube me impor desde o primeiro dia, não
queria ficar presa num relacionamento que me fizesse desistir das coisas que
gosto, também não queria que a situação piorasse, então fizemos assim, eu danço
e você joga futebol. Um acordo justo! Justíssimo!
Renovei minha efetiva vontade de
ser quem sou, preciso disso para ser feliz, posso utilizar exceções e mudar
algumas atitudes em prol do meu relacionamento? Sim posso. Mas não posso me
arriscar a deixar de fazer pequenas coisas que me trazem grandes felicidades, e
foi com esse pensamento que tudo mudou.
Ficamos grávidos, não foi nada
fácil aceitarmos a condição de futuros pais sem o menor planejamento, já
pensava num parto complicado aos 40 anos, precisava de um temperamento mais
paciente para cuidar de um bebê, evitar as ironias de pessoas que falam que eu
ia ser mãe/avó.
Fui provocada por pessoas
vingativas e cruéis que afirmavam que eu não tinha idade para filhos, que eu
teria um filho com síndrome de down, que a gravidez não ia segurar, quanto mais
me falavam isso mais meu amor por esse ser humano crescia de verdade.
Ansiava por um filho saudável,
sem sequelas neurológicas ou que precisasse de muita atenção, porém eu estava
disposta a amar cada dia mais um serzinho especial do jeito que viesse, já
tinha muita ternura no coração e pensamentos rigorosos sobre educação, além de
manter a postura séria para que comentários inconvenientes não fosse dito na
minha frente.
Quando nossa linda filha nasceu,
senti uma liberdade jamais experimentada, uma responsabilidade e um senso de
dever que duraria para sempre, nem conseguia dormir sozinha, não comia de tudo,
minha barriga não voltou ao normal depois de 90 dias, sono interrompido por
fomes ou fraudas sujas, estórias e músicas para dormir.
Eu sempre fui mulher de atacar de
frente, então com a maternidade isso aflorou, você vira leoa, sempre com
respostas prontas para defender sua cria, tinha ganho o certificado de mãe,
além de teimosa, eu estava em fase de aprendizado, os valores fundamentais da
vida era a minha família.
Pequenas conquistas no dia a dia
com uma filha pequena, vê-la crescer respeitando papai e mamãe, responsável com
seus brinquedos, tranquila igual ao pai, aprendeu rápido a se vestir sozinha,
independente como a mãe, uma companheira inseparável, até quando quebra seu
batom e destrói seu salto alto porque quer brincar de ser adulta. Sorridente
como a mãe, bom caráter e de personalidade forte também como a mãe, boa filha
puxando ao pai, sociável como a mãe, intransigente como a mãe, erra e se
arrepende como papai e mamãe.
Somos modelos de referência para
ela, marcamos a sua vida com nossas atitudes, temos participação direta na
formação de sua personalidade, não nos opomos a corrigi-la sempre que
necessário.
Ele ainda não sabe dançar...
Reclamamos em voz dupla. Minha filha e eu.
- Arcise Câmara
- Crédito de imagem: www.google.com
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