segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Levou uma eternidade


As horas não passavam, os segundos estavam congelados, era muito triste aquela sensação de não ter notícias, de não saber o que aconteceu, de pensar só no pior, em algum acidente, morte, desgraça.
Eu estava ansiosa para vê-lo porque ele tinha sumido sem dar notícias, por que o seu celular encontrava-se na caixa postal, porque nenhuma ligação retornada e ninguém sabia nada de seu paradeiro.
Eu custei a acreditar que ele desaparecera, parece uma realidade distante o cara sair e nunca mais voltar, parece que só acontece com quem é bem distante da gente, com quem nem conhecemos.
No primeiro momento eu acreditei piamente que alguma coisa séria estava acontecendo, ele tinha sido sequestrado, morto, assaltado, ferido, linchado, se meteu em confusão, com drogas ou tudo que a minha imaginação pensasse.
Depois caiu a ficha de que ele era mais um carinha imaturo que desaparece da nossa vida sem dar a mínima satisfação e ainda envolve toda a família em suas mentiras do “diga que eu não estou”.
Eu fiquei feliz quando percebi que ele estava vivinho da silva, que ele estava feliz e que apenas tinha sido um moleque imaturo que não conseguia respirar e dizer que acabou.
Eu pensei que nunca iria o vir de novo, me bateu uma raiva, eu desgostei rapidinho, não foi muito difícil desgostar de um cara que não tem respeito nem consideração por você, que some sem dar tchau.
E olha que para mim era como se ele fosse a minha razão de viver, Deus no céu e Ele na terra. Porém havia algo que eu não imaginava que pudesse acontecer. Ele não deu tchau para deixar uma fresta aberta, para voltar quando quisesse.
Aconteceu. Ele ligou e como meu coração é um idiota acabei ficando nervosa com a ligação, corada com suas ligações e ansiosa por pensar que ele poderia voltar a ser meu e assumir o posto da minha razão de viver.
Após a ligação a euforia terminou e as minhas faculdades mentais começaram a refletir e tinha um anjinho chamado Carente que me dizia: “Vai lá! Perdoa! Ele é o amor da sua vida! E tinha o diabinho chamado Amor Próprio que dizia, você esqueceu tudo que sofreu? Suas lágrimas? A fata de respeito pelo tempo que ficaram juntos?
Eu fui bastante habilidosa em ouvir o que o meu coração não desejava ouvir, aquilo que me afastava de um final feliz, mas com a certeza de que aquele final, feliz ou não, não era para mim.
É perfeito tomar as rédeas da situação, não deixar dominar pela carência, nem pelo fato de estar sozinha, ou pelo fato de seu coração não ter despertado por ninguém.
Posso te perguntar uma coisa. Por que você fez isso e quer voltar? Você tinha o direito de fazer o que bem quisesse, de sumir quando quisesse por mais desrespeitoso que isso seja, mas daí querer voltar como se nada tivesse acontecido. É demais para mim.
Ele gentilmente me disse que era muito estresse por uma bobagem, ele apenas precisava de um tempo para saber se me amava de verdade, ele queria respirar e ousou jogar a culpa de sua criancice em mim.
Completou que ele não tinha ideia de que eu estava preocupada, de que eu o amava de verdade, de que eu o considerava um homem com H maiúsculo, ele tirou a prova dos nove com esse sumiço.
Eu sou muito cabeça dura para acreditar numa mentira tão discrepante, só se eu de fato acreditasse na capacidade do outro de ser ator, tudo que ele me dizia feria aos meus ouvidos comecei a ter nojo.
Fiquei brava, fora de mim, ele agredia a minha inteligência, ele discordava dos fatos, da realidade do fatos como se pudesse me convencer sem o mínimo argumento. Pedia tempo, eu estava disposta anão acreditar em nada que viesse daquela boa.
Por um momento senti alívio do arrependimento dele, era sinal de que eu não tinha errado tanto. Errei em não me impor. Por outro lado, estava sã e salva das garras de um mentiroso.
Ele nunca me viu dessa maneira, tão decidida, tão dona das minhas verdades, tão bonita nas atitudes. Essa eu ele não conhecia e nem precisava conhecer pois este novo ser não o quer nunca mais.
- Arcise Câmara
- Crédito de Imagem: madlyluv.com 


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