sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Arregalei o olho


Com direito a ruguinha na testa, estava preocupada com tanta coisa, umas aflições internas, um medo apavorante, uma vontade de fugir dormindo horas, dias.

Estava com ar de quem pede misericórdia e um por favor não me incomode, não me julgue, não me malhe, por favor também não peça explicações e finja não me ver chorando.

Tive um faniquito e quase cai desmaiada, meus olhos escureceram, fiquei tonta, mole. Tinha esquecido de comer, de beber, minha barriga não havia roncado, sinalizando fome, não era habitual isso acontecer.

Com os olhos esbugalhados por tempo indeterminado, resolvi despreocupar, o importante era pensar e agir, ficar doente ou nervosa não adiantaria de nada e o pior não resolveria nada.

Os trabalhos foram iniciados, coloquei tudo em ordem na minha cabeça, faltava apenas colocar em prática tudo que eu havia pensado. As coisas não iam se ajeitar sozinha e tampouco com o meu desespero.

Os assuntos eram importantes, precisavam ser contornados, mas no fundo dramatizei. Sim! Dramatização sempre foi o meu forte, estava sentindo pena de mim mesma.

A minha preocupação não desapareceu no dia seguinte, nem na semana seguinte, nem no mês seguinte, eu estava apegada a vontade de sofrer, estava abraçando o problema sem deixá-lo ir. Custei aprender que atitudes dos outros não é problema meu.

Também eu não conseguia os ver como um monte de exploradores, não. não. Tudo que estava acontecendo foi com o aval da minha bondade, generosidade e boa vontade, com a minha anuência e com a certeza de estar fazendo certo.

Não discuti, nem me envolvi mais. Os problemas precisavam ser solucionados, mas eles não eram meus, então eu fiz o que pude e segui, sem me achar dona da verdade.

Quando as coisas davam errado eu me perguntava que mal eu tinha feito a essa gente? todos me culpavam por não ser assim ou assado, é como se pensar em mim fosse uma coisa totalmente egoísta, eu apenas queria respeito e sossego. Era pedir muito?

Todo mundo insistia em saber as razões do por quê eu estava tão distante, não era distância, eu apenas não queria abraçar os problemas que não são meus. Eles respingam em mim, mas não são meus.

Desculpa se fui vaga, ou se não deu para captar exatamente o que estou sentindo, mas é que às vezes dá uma vontade de ser diferente, de ter emoções diferentes, de deixar pra lá.


- Arcise Câmara

-  Crédito de Imagem: http://www.amordoce.com

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