Sabe
quando você se sente só? Quando mil pessoas declaram te amar e quando você se
sente sozinha? Quando você se acha mais amiga das suas amigas que elas de você?
Quando você tem carência de colo, abraço, afago e dengo e tirando seu pai e sua
mãe, você não conta com mais ninguém? Estou sentindo falta de pessoas que
reconhecem minha tristeza pelo olhar, meu grito pelo tom da minha voz, meu
desespero pela minha forma de me comportar, tenho saudades de quem me conhece a
fundo, de quem me reconhece a quilômetros, sabendo que não ando nada bem, tenho
saudade de amizades construídas na rocha, com tijolo e cimento e não com
isopores e papeis, tenho saudade do todo, do completo, do cheio, do
transbordando e não do vago e sem graça.
Tenho
saudade de amigas, amigas mesmo para chorar e desabafar, de pessoas que me
conheçam em profundidade, que disputassem um lugar ao sol no meu coração. A
vida passa tão depressa, vejo minhas amizades indo pelo ralo, vejo pessoas com
pressa de bens materiais, com pressa de sucesso, com pressa de conquistas, com
pressa das coisas não tão essenciais.
Tenho
saudade do tempo que nada dava processo, tudo se resolvia na paz, sem
conflitos, sem tiros, sem prisões, sem hostilidades, num mundo em que perdoar
era mais fácil e ressentimentos quase não existiam.
Tenho
pavor de não recuperar aquele tempo, aquela amizade, aquele amor, aquela
sensação de bondade e ternura de uma amizade sincera que eu tinha mesmo que não
merecesse. Amar com respeito, com dedicação, com vontade.
Muitas
vezes fui feliz, me senti desligada da tomada enquanto tinha minha baterias
recarregadas, eram baterias tão potentes que duravam dias e te davam doses extras
de bom humor.
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