quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Como o outro é



Ele me interrompia para dizer como eu devia pensar, fazer e dizer e se caso eu não seguisse seus conselhos, ele ficava extremamente aborrecido. Ele se colocava na posição de homem entediado, chateado, frustrado e mal-amado para conseguir o que queria, eu adotei o hábito de tomar uma xícara de chá de hortelã depois das refeições para desestressar. O que mais me causava aflição era os questionamentos sobre o verdadeiro amor. O que era o verdadeiro amor? Ser eu mesma implicava em falta de amor? Não seguir conselhos era desamor? Porque a minha zona de conforto era proibida de ser explorada. Vivia doente, adoecia com facilidade, tinha o sistema imunológico fraco, ausente, muitas vezes chorava, outras tanto ria, chorava de tanto rir, era tão hilário me sentir fantoche, me sentir manipulada, eu fui conscientemente manipulada. Parei de me ofender com bobagens no intuito de me proteger, se dirigia mal eu fechava os olhos, se o trânsito estava caótico eu dava tempo em algum happy hour, o importante era não contrariá-lo, ou frustrá-lo ao volante. Reproduzi a figura materna de mãe amorosa, de alguém que não reagia aos gritos, a raiva e usava como refúgio a fuja, as saídas, o passeio, o sono. Não era atraente sexualmente e nem me motivava a ser. Eu premiava com muitos elogios os comportamentos positivos e punia com greve de sexo os comportamentos indesejados.

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