Todo mundo sabia da minha paixão, meus olhos e minhas
atitudes gritavam o nome dele, eu sonhava em namorá-lo, em casar, em ter filhos
no mínimo uns quatro, confesso, eu era bem fantasiosa mesmo.
No entanto, ele só se aproximou de mim para tirar uma
casquinha, que mal tinha “comer” aquele menina de olhar apaixonado, acho que
ele pensou que estivesse fazendo um favor.
E foi assim que eu engravidei, engravidei do primeiro
filho aos 16 anos de idade, uma menina cheia de sonhos e agora com vergonha da
própria “sorte”. O casamento foi acidental, eu era de uma família tradicional,
a nata da sociedade paulistana, um aborto seria a opção mais perfeita, mas o
medo do inferno e as convicções religiosas de uma vida concebida lá naquela
transa sem muitos atrativos excluíram essa opção.
Depois que o moço descobriu a gravidez contada por mim
aos prantos, ele começou a me ignorar, fingia que não notava minha presença e
eu fiquei cada dia mais apaixonada e mais insinuante, não sei por que, mas
achava que o gelo que ele me dava era para esconder um milhão de sentimentos
verdadeiros.
O casamento beneficia menos as mulheres do que os homens.
Isso é fato, mas eu não tinha idade para essas compreensões filosóficas, ele
fingia que não sabia da gravidez, mesmo eu tendo contado, não perguntava pela
criança, nem pelas sensações que eu sentia, não se importava com meus medos.
Não inventei esse
fato e não gosto de afirmá-lo, eu estava jogando um jogo de xadrez bem
complicado, parecia eu competindo com a máquina. Além do mais, eu tinha um
milhão de teorias, a de não me casar antes dos 35, a de ter uma vida econômica
aceitável e um mínimo de conforto.
A felicidade estampada no meu rosto só voltou depois de
longo nove meses, quando eu vi a carinha dela, eu me reconhecia, eu me
encantava, eu não entendia de onde tinha brotado tanto Amor.
O casamento como foi? O casamento não foi, está sendo,
depois disso tive mais um filho, fruto de descuido mesmo, ignorância bruta de
que não vai acontecer de novo e se acontecer não há motivos para vergonha aliás
você é casada de papel passada e sob as bênçãos de Deus.
Eu me encaixo atualmente no título desse texto, e também
convicta que eu não movo uma palha para ter o sucesso amoroso e a vida plena
que mereço.
Arcise Câmara
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