É
evidente que estou satisfeita com a vida, ando compreensiva comigo mesma,
ajeito as coisas quebradas no peito, reordeno a bagunça da mente, assumo o
compromisso em não falar demais.
Aparentemente
uma trégua, um stop na ordem de ter que justificar tudo, parei de responder
perguntas sem sentido, entendi a arte de ouvir, decidi pelo divórcio de uma
forma até dissimulada.
Chamei
a atenção com a mudança, as pessoas falavam que éramos um casal perfeito e eu
fingia que acreditava, claro que tínhamos um motivo, claro que ninguém podia
bancar o sabido em sentimentos alheios.
Eu
comecei a despertar ciúmes, era inacreditável que alguém separada recentemente
poderia estar feliz, as mulheres não sabem lidar com separações e você está
ótima, você nem mudou sua rotina e nem ficou assexuada.
As
roupas ficaram mais informais, o objetivo único e exclusivo era encontrar a missão
do coração, sair com as amigas, ajustar o corpo físico, colocar em dia os papos
triviais e as coisas de comadres.
A
gente chama mais atenção quando tira a aliança do dedo, a gente também fica
confusa, cansada e com medo de errar, a gente quer confete por conta dos anos
de ausência de elogios.
De
repente, nós experimentamos a alegria de estar cercado de gente que se ama,
sendo gentil, falando com naturalidade até dos términos, se sentindo fraco e
forte ao mesmo tempo.
Fui
traída a torto e a direito, não sabia apaziguar, saí a francesa, não lidei de
frente com o rompimento. Engatei um namoro de cara, mas terminei, ficar com
alguém que não gosta de seus filhos é coisa de mãe filha da puta, eu tive uma mudança
drástica no meu estilo de vida, minha vida financeira melhorou.
Cansada
de me sentir controlar, o ambiente me traz bem-estar, mas preciso de aconchego,
não quero um lugar no qual tenho que demonstrar raiva o tempo todo.
Não
gosto de dar um passo de cada vez, sou intensa, penso em tudo, quero tudo para
ontem, se ele não vai voltar e eu não quero mais, nada mais justo do que eu
recomeçar com mais força e mais feliz.
Arcise
Câmara
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