Eu
não o entendo, eu estava em crise de ansiedade, não era a primeira crise.
Sempre tinha alguém para me ensinar alguma coisa, o que comer, qual remédio
tomar, fico até saturada das palavras certas.
As
pessoas me pedem desculpas o tempo todo, minha crise de humor é insuportável,
eu grito, choro e tenho euforia, não consigo dar satisfações. Todo mundo diz
que é só uma fase, mas esse sentimento de que não sou capaz de controlar as
emoções é horrível, dá vontade de dar um tiro na boca.
Eu
estava em morte social, isso não era provocação, eu realmente não queria ver
gente, estava com a cabeça nas nuvens, minha expressão se altera a cada três
minutos, todos esses sentimentos são muito sérios, às vezes eu acho que não
existe possibilidade de bem-estar.
Eu
mudo de ideia muito rapidamente, precisei de terapia para me entender, eu
sempre pensava nos meus interesses, eu estava doente, logo eu podia manipular
as pessoas inconscientemente, eu estava sempre pronta a explodir.
Por
um tempo me senti uma farsa, uma pessoa descontrolada, cheia de altos e baixos.
A vida era curta demais para tantas crises, eu precisava de decisões acertadas,
eu não queria me entupir de remédios que causam dependências.
Invejava
as pessoas equilibradas, eu me autossabotava, minha vivência se resumia a
dormir demais, eu também me sentia explorada, gastava demais, meu dinheiro
sumia, tudo me incomodava, tinha dor na alma e uma vontade incontrolável de
morrer.
Eu
não recebia elogios com a frequência que desejava, isso me afligia, eu tive uma
relação abusiva no passado, ele me recriminava por tudo, inclusive por falar
demais, alguns diziam que fomos feitos um para o outro, mas no mundo dos
ressentimentos me preencho facilmente, eu acho um saco justificar tudo, falta
paciência.
Eu
me sinto ridícula por ter de fantasiar tanto, vivo olhando para baixo, não
consigo encarar as pessoas, eu estava fora da crise há algum tempo e acabei não
me acostumando com as feridas emocionais, já tinha sido diagnosticada com transtorno
bipolar, mas achei que uma crise só bastava.
Desculpa
o que eu digo, eu preciso firmar um compromisso por escrito com os remédios
eternos para entender meus sentimentos, preciso escrever para me conhecer,
prometo não me culpar nem culpar você, prometo esticar os momentos de
felicidade e encolher os de sofrimento, prometo refletir sobre o significado da
minha existência, prometo não me achar uma fracassada e inútil. Prometo me
aceitar e seguir em frente.
Arcise
Câmara
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