Ele era um lorde,
tinha uma postura importante, era
de alma temporária, não sabia muito o que queria da vida, o que o satisfazia, o
que o deixava feliz, estava em busca para entender o eu.
Ele queria que eu fosse de outro jeito, queria que eu
fosse o que não sou e nunca serei, queria que eu “morresse” para satisfazer
seus desejos preciosos, ele queria que eu nunca me acostumasse com sua
ausência.
Para ele era
inconcebível a gente se separar sem eu me matar, literalmente falando... A
fronteira entre mim e ele e a forma como víamos a vida era louca. Enquanto eu
estava sempre presa ao passado ele estava sempre focado no futuro, nem ele, nem
eu vivíamos realmente.
Matheus era
universitário, estudioso e parecia ter paz no coração, ele também era um bom
profissional, descomprometido às vezes, mas suficiente bom para dar ideias
brilhantes que alavancavam as vendas da empresa. Era o queridinho, o melhor.
Eu o achava
inseguro, ciumento, crítico, exigente, imaturo, egoísta e um solteiro solto, aquele que acha que pode
namorar com liberdade e fazer o que quiser da própria vida, aquele que poderia
me largar a qualquer hora do dia ou da noite ou sumir sem dar satisfações a
ninguém.
Era cheio de
amigos, uns insatisfeitos com a vida, outros descompromissados com o amor,
outros que só pensavam em si, Matheus se encaixava nessa última categoria, dava
trabalho pro meu coração vagabundo e traidor.
Alguma coisa
me dizia que eu tinha que salvá-lo, que eu tinha que fazer parte do processo
evolutivo dele, como assim? Era uma desculpa que meu coração insistia em dar
para que eu entrasse fundo nessa história.
O risco era
grande, duas pessoas juntas que perdiam o foco o tempo todo, duas pessoas que
se agarravam em expectativas, muitos projetos inacabados, modos diferentes de agir.
Ele tinha
uma vitalidade, uma criatividade, uma tolerância, mas não era com todo mundo,
na verdade, era com todo mundo sim, menos comigo, ele me achava infantil, não
cansava de dizer isso.
Ele ficava
me pedindo evolução de pensamentos, de posturas, de emoção, ele me achava
egoísta, justo eu que pensava mais nele que em mim, ele queria que eu pensasse
como ele, mas nossos pensamentos não se cruzavam em lugar nenhum.
Para eu ser
boa o suficiente eu precisava nascer de novo, eu vivia por conta disso em
constante ansiedade, numa agitação interna, numa dúvida do ser, então resolvi
mudar e entre ele e eu resolvi me aceitar só por hoje do jeito que eu sou e fui
tão cruel quanto ele, não abri mão de ceder e preferi seguir em outra direção,
depois percebi que já estávamos em outras direções havia algum tempo e que só
faltava decidir novos caminhos.
Arcise
Câmara
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