quinta-feira, 9 de março de 2017

Meus bens mais valiosos são aqueles que dinheiro nenhum pode comprar

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Eu ouço o coração acelerar dentro do peito quando meus filhos estão chegando da escola, uma alegria imensa vê-los saindo da condução correndo rumo à porta de casa.
Acredito que desde quando fui mãe acabei as lamurias do passado ou a reclamar das pessoas, a vida fica com tamanho mais sentido, apelativa emocionalmente, a gente dorme pouco e é feliz, paga um preço alto pela saúde e é feliz.
Tenho 3, Matheus de 5, Clara de 9 e João de 12. Eu vivia terminando e voltando com meu marido na época de namoro, éramos o casal imaturo e cheios de arrependimentos, queríamos tudo e ao mesmo tempo nada, amávamos a liberdade e por alguns anos filhos eram coisas não cogitáveis.
Chorei de arrependimento quando soube que estava grávida do primeiro, eu não tinha me cuidado, achava que já estava velha, talvez estivesse na menopausa precoce. Depois que comecei a amar aquele serzinho que esticava a minha barriga recém-sarada depois de anos de obesidade morria de enjoos e por pouco, muito pouco o João não passou fome. Enjoo te deixa sem tesão para comer, isso é fato!
Apesar de não planejada, essa havia sido a decisão mais importante da minha vida, a vida decidiu primeiramente que eu seria mãe e eu encontrei a minha vocação numa certeza absoluta.
Ninguém tinha visto alguém falar dos rebentos com tanta empolgação, do dia que o primogênito nasceu, nesse dia eu me tornei uma pessoa diferente. Eu era feliz! Meu marido me amava e eu sentia seu amor e seu respeito por mim, eu também conseguia amá-lo e respeitá-lo, sabe aquele amor palpável em que as pessoas percebem e até tem certa inveja? Era o nosso.
Não foi fácil! Não é fácil! Eu fico baratinada com o preço das coisas. A laranja, a tangerina e o limão a preço de ouro. Desapegar que seus filhos estudem na melhor escola, com as melhores mochilas porque o seu bolso e seu esforço não conseguem arcar também não é fácil para mim.
Por um tempo achei que fosse me divorciar, mas o Márcio aguentou firme. Apesar de todos os nossos problemas, nós não desistimos do nosso comprometimento um com outro. Eu tinha trocado a vida de mulher pela de mãe, não entendia que poderia ser duas, três, quatro, quantas eu quisesse e o Márcio me revoltava quando eu não o sentia Pai, quando o via alheio ao processo. Ai que raiva!
Comecei a ser mais assertiva e saí da posição de vítima, estava acostumada a cair e levantar e se era para ser feliz acompanhada ou sozinha eu seria. Mas tudo se resolveu e o amor fez mais um gol de virada.
A falta de dinheiro às vezes me sufocava, mas a falta do sorriso, da alegria e do bem-estar da minha família me tira a energia de viver. A família é meu maior patrimônio.
Arcise Câmara
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