Traição
é para os íntimos, os chegados, os selecionados, os considerados. Ninguém se
sente traído por um desamor, por um inimigo, por um estranho, um qualquer. É
por isso que traição dói tanto. Ou vem de quem amamos e nutrimos sentimentos
eternos ou vem de quem nem imaginamos pessoas de nossa estima e que colocávamos
a mão no fogo.
Essa
palavrinha chata, que machuca e faz sofrer é atitude isolada ou contumaz de
quem não pensou antes de agir, de quem traiu você e sua confiança, de quem se
achava digno de perdão ou pior de alguém que acredita que fez o que fez por sua
culpa, máxima culpa.
Dói,
dói, dói... Uma vez ouvi uma amiga dizer, preferia ser viúva a ter sido traída,
eu jamais o olharei com o mesmo amor, o mesmo brilho, o mesmo encanto, eu
jamais terei os mesmos sentimentos e a mesma confiança, tudo se quebrou, se
apagou, se decompôs.
O
lado emocional conflita com o racional, e a partir disso você tem um milhão de
pequenas decisões para tomar, se você quer isso para você, se queres assim com
resquícios, com pancadas, com ferimentos. Ou se você tenta recomeçar do zero,
jogar para trás o que ficou, começar desse ponto em diante.
Eu
conheço várias mulheres que suspeitam de traição, vasculham bolsos, celulares,
cuecas, perfumes, instalam gps, captam senhas de e-mail e não sabem o que fazer
se descobrissem uma traição, não tem uma decisão formada sobre o assunto, e eu
me pergunto: se você não sabe se separa, tentar descobrir alguma possibilidade
para quê? Só pelo simples prazer de sofrer. Sim, porque descobrir uma traição e
se manter com a pessoa pode significar o passaporte da chifraiada, desculpa se
não falo de deslizes pontuais, estou apenas tentando dizer que o recado será
dado, o recado do surto, mas do perdão, da ira, mas do perdão, da revolta, mas
do perdão e assim o outro internaliza que pode escapulir mais uma, mais uma e
mais uma.
As
expectativas nos frustram, nos imobilizam, nos destroem porque eu não me magoo
com o que não me pertence, com o mundo alheio ao meu, eu me mortifico apenas
pelo que me é precioso e me choro com a triste realidade que as medidas não são
parecidas. Não as minhas medidas.
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