sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Traição é para os íntimos


Traição é para os íntimos, os chegados, os selecionados, os considerados. Ninguém se sente traído por um desamor, por um inimigo, por um estranho, um qualquer. É por isso que traição dói tanto. Ou vem de quem amamos e nutrimos sentimentos eternos ou vem de quem nem imaginamos pessoas de nossa estima e que colocávamos a mão no fogo.
Essa palavrinha chata, que machuca e faz sofrer é atitude isolada ou contumaz de quem não pensou antes de agir, de quem traiu você e sua confiança, de quem se achava digno de perdão ou pior de alguém que acredita que fez o que fez por sua culpa, máxima culpa.
Dói, dói, dói... Uma vez ouvi uma amiga dizer, preferia ser viúva a ter sido traída, eu jamais o olharei com o mesmo amor, o mesmo brilho, o mesmo encanto, eu jamais terei os mesmos sentimentos e a mesma confiança, tudo se quebrou, se apagou, se decompôs.
O lado emocional conflita com o racional, e a partir disso você tem um milhão de pequenas decisões para tomar, se você quer isso para você, se queres assim com resquícios, com pancadas, com ferimentos. Ou se você tenta recomeçar do zero, jogar para trás o que ficou, começar desse ponto em diante.
Eu conheço várias mulheres que suspeitam de traição, vasculham bolsos, celulares, cuecas, perfumes, instalam gps, captam senhas de e-mail e não sabem o que fazer se descobrissem uma traição, não tem uma decisão formada sobre o assunto, e eu me pergunto: se você não sabe se separa, tentar descobrir alguma possibilidade para quê? Só pelo simples prazer de sofrer. Sim, porque descobrir uma traição e se manter com a pessoa pode significar o passaporte da chifraiada, desculpa se não falo de deslizes pontuais, estou apenas tentando dizer que o recado será dado, o recado do surto, mas do perdão, da ira, mas do perdão, da revolta, mas do perdão e assim o outro internaliza que pode escapulir mais uma, mais uma e mais uma.
As expectativas nos frustram, nos imobilizam, nos destroem porque eu não me magoo com o que não me pertence, com o mundo alheio ao meu, eu me mortifico apenas pelo que me é precioso e me choro com a triste realidade que as medidas não são parecidas. Não as minhas medidas.

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