Acho que eu devo ter
engolido muito choro quando criança: "Engole esse choro Arcise senão terás
motivo para chorar" e hoje minhas lágrimas são incontroláveis e
desobedientes, passo por chantagista emocional, fraca, dentre outras coisitas.
Mas como conter as lágrimas no Abrigo Moacyr Alves? Como não segurar o choro
diante de um pedido: "tia, me leva pra casa, não quero morar aqui".
Como segurar a emoção diante de
crianças e adultos com problemas neurológicos sérios ao ponto de estarem
amarrados, com capacetes e luvas para não se automutilarem. Como não fazer o
coração sangrar ao saber que muitas crianças foram abandonadas e desamparadas
ou pior, maltratadas pelos pais. Juan e Sthéfano foram os protagonistas desta
página, doaram sem grandes sacrifícios um sacolão de brinquedos e um sacolão de
roupas. Eu, minha irmã e o Erick fomos doar amor, fomos ensinar a partilha.
Fomo beijar, apertar a mão, limpar babas, fomos conversar mesmo sem ter a
certeza se éramos ouvidos ou compreendidos.
Ao chegarmos lá,
deparamos com uma pergunta: De que igreja vocês são? Quem vocês representam?
Não representamos ninguém, somos nós mesmos, apesar de sermos católicos, cristãos
e acreditarmos no amor.
Depois do reconhecimento inicial, do medo do Sthéfano diante de tantas crianças especiais, era necessário dizer o quanto éramos iguais e que o mundo valorizava coisas que não tem valor algum. O que parece feio ou torto é a vida em suas diferentes formas.
E essa visita que fez
mais bem a mim que a todos aqueles internos juntos e me pedia algo mais, me
pedia para que eu saísse da hipocrisia de ser boazinha no dias das crianças e
no natal, me pedia para dar amor sempre que eu pudesse, me pedia para curar as
minha feridas lá com aqueles serzinhos ilustres, porque lá os teus problemas se
dissipam, as tuas revoltas caem no ralo, a tua vida fica colorida.
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